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Notícias / Criminal

Homem que matou ex-namorada e escondeu corpo é condenado a 22 anos de prisão

Da Redação - Fabiana Mendes

Tribunal do Júri condenou a 22 anos de prisão o mecânico Josué Pires de Camargo, conhecido como “Zuel” por matar e ocultar o corpo de Alessandra Alcântara, 33 anos. O crime aconteceu em 2009 e até hoje os restos mortais não foram localizados. 

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O delegado responsável pela investigação, Caio Fernando Albuquerque, destaca que, mesmo depois de 13 anos sem qualquer pista do corpo, a Polícia Civil conseguiu apurar elementos que apontaram para o crime de homicídio. “Josué foi preso em 2019, com a retomada das investigações. Mesmo não tendo, à época do crime, a previsão na legislação, este pode ser caracterizado como um feminicídio”, explicou o delegado.

Foram denunciados e se tornaram réus pelos crimes de homicídio qualificado pelo recurso que impossibilitou a defesa da vítima e para assegurar a impunidade de outros crimes, associação criminosa e fraude processual: Josué Pires de Camargo, o “Zuel”, Rosinete de Souza, conhecida como “Rose” e Mamedes Gonçalves Pinheiro, o “Fernandinho”.

A Justiça também aceitou a denúncia contra outros três indiciados: Delson de Souza, Rejane Catarina Gayva e Izete Botelho Xavier, pelos crimes de associação criminosa, fraude processual e falso testemunho.

Entenda

A vítima desapareceu no dia 31 de outubro de 2009, quando foi vista pela última vez na oficina do suspeito, no bairro Alvorada, em Cuiabá.  Cinco dias depois do desaparecimento, a mãe da vítima comunicou o sumiço à Polícia Civil, informando que não conseguiu falar com a filha, cujo celular estava desligado. Ao manter contato com o então namorado de Alessandra, Josué Camargo, ele disse que ambos tiveram uma briga, quando vítima saiu e não mais retornou.

Em declarações prestadas na DHPP, em 10 de novembro de 2009, o criminoso disse que mantinha um relacionamento com Alessandra, há dois anos, que foi rompido algumas vezes. Em janeiro daquele ano, ambos se desentenderam, quando ele a atingiu com nove facadas, crime pelo qual foi preso posteriormente, após fugir, e respondeu a ação penal por homicídio tentado.

Josué declarou ainda que após sua prisão, pelo homicídio tentado, ocorrido em janeiro de 2009, a esposa teve conhecimento do seu relacionamento extraconjugal com Alessandra, o que motivou a separação.

O delegado Caio Fernando observa que pelas declarações do réu, é incontroverso que o último lugar em que Alessandra foi vista, com vida, foi, justamente, na oficina e residência do agora réu. “Também não há dúvida de que, neste local, a vítima e Josué travaram mais uma discussão. Contudo, as alegações de que Alessandra deixou a oficina e seguiu a um ponto de ônibus, foi uma versão dele, o principal envolvido no desaparecimento e na morte”, pontua o delegado.

Tentativa de homicídio e ameaças

No mês de março de 2009, dois meses após esfaqueá-la, Josué voltou a ameaçar a vítima de morte, o motivou a decretação da prisão e concessão de medidas protetivas para Alessandra.

Durante o período em que o acusado ficou foragido da tentativa de homicídio, ele mantinha contato telefônico com a vítima, determinando para que ela alterasse os fatos no processo, pois estava desesperado com o decorrer da instrução criminal. Mesmo denunciado pela tentativa contra a vida de Alessandra e com mandado de prisão expedido, ele voltou a procurar a vítima, quando foi preso em flagrante.

Em 1o de outubro de 2209, ele foi solto por decisão do Tribunal de Justiça do Estado, quando voltou a agredi-la, asfixiando-a, conforme a vítima declarou em depoimento na ação penal sobre o homicídio tentado.

Ao fim do inquérito policial, os materiais probatórios reunidos apontaram que, como Josué ainda não havia consumado sua intenção, e vendo a aproximação da audiência sobre o processo do homicídio tentado e ameaça contra Alessandra, temendo que, após sua oitiva, fosse condenado e retornasse à prisão, em nova discussão com a vítima acabou a matando e desapareceu com o corpo.
 
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