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Notícias / Criminal

Influenciadora do 'jogo do tigrinho' e 'contadora' do CV aparecem portando fuzil de grosso calibre em comunidade do RJ

Da Redação - Pedro Coutinho

Alvos da Operação Ragnatela, deflagrada nesta quarta-feira (5) pela Polícia Federal contra núcleo do Comando Vermelho responsável por lavar milhões em Cuiabá, via shows nacionais em casas noturnas, contando aval de autoridades e funcionários públicos, Kamilla Beretta Bertoni e Stheffany Xavier eram funcionárias da G12, produtora de eventos usada pelo esquema para esconder a origem ilícita do dinheiro. Segundo a PF, a ligação delas com a facção foi revelada por meio de uma foto que cada uma tirou portando fuzis de grosso calibre em uma comunidade no Rio de Janeiro, estado do CV.

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Stheffany Xavier, que ficou famosa nas redes sociais por divulgar o “jogo do tigrinho”, acumulando mais de 207 mil seguidores, foi alvo de mandado de busca e apreensão. Presa preventivamente, Kamilla foi acusada de operar a divisão dos custos e lucros obtidos com a realização dos shows no Dallas Bar e em outros eventos organizados pelo grupo.

Os eventos organizados por eles são custeados com o dinheiro da facção Comando Vermelho, através do Joadir Alves Gonçalves, vulgo “Jogador”, líder do grupo, e de Willian Gordão, também liderança, e pela G12 Eventos. Dentre os custos para a realização dos shows, destaca-se o valor pago a título de propina a servidores públicos, inclusive para, supostamente, o vereador Paulo Henrique de Figueiredo (MDB).

Tanto a PF como o juiz João Francisco de Campos Almeida, que autorizou a operação, a periculosidade dos agentes ficou demonstrada, dentre outros fatores, pelas imagens extraídas dos celulares de alguns réus, em que eles aparecem portando armamentos de grosso calibre em comunidades do TJ, reunindo-se em Copacabana, bem como da permanência de Jogador na Rocinha por longo período.

 “Identificou-se fotos das investigadas Kamilla Beretta Bertoni s Stheffany Xavier de Melo portando armas de grosso calibre, tipo fuzil, possivelmente em comunidades da cidade do Rio de Janeiro, o que elimina qualquer dúvida sobre a vinculação com a facção criminosa Comando Vermelho, conforme se verifica no Relatório Complementar nº 20/2024.

Além de rentabilizar os custos e lucros, Kamilla é acusada de lavar dinheiro para si e para o grupo. Entre 2019 e 2022, ela declarou à Receita Federal rendimentos mensais entre 2,8 mil reais e 7,5 mil reais, cuja soma anual não passou dos R$90 mil. Em relação aos bens, no mesmo recorte, variaram entre dez mil e R$312.132,11.

Contudo, no ano que o Dallas foi adquirido, 2021, por Willian Gordão, que outorgou poderes à Rodrigo Leal sobre o estabelecimento, usado para lavar milhões para o Comando Vermelho por meio da realização de shows e eventos nacionais, ela movimentou R$ 541 mil milhões. No ano seguinte, R$ 2.2 milhões.

Na biografia do perfil no Instagram, Stheffany também se denomina promotora de eventos e publica dezenas de fotos ostentando viagens internacionais e veículos de luxo.

Nos stories publicados na noite de terça-feira (4), ela afirma ter sido vítima de um roubo na "Cidade Maravilhosa", perdendo seu celular, e fica indignada com a falta de segurança e a ação dos criminosos.

A Operação Ragnatela foi deflagrada para desarticular um núcleo de facção criminosa responsável pela lavagem de dinheiro em casas noturnas. O grupo criminoso adquiriu algumas casas noturnas e passou a realizar shows com o dinheiro do Comando Vermelho.

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Antônio Flávio Rocha Freire, o grupo contava também com o apoio de promotores de eventos, que participavam do custeio da realização dos shows e dividiam o lucro proporcionalmente.

Não foi informado qual seria a atuação de Stheffany no esquema criminoso. A influenciadora aparece ao lado de outros alvos da operação, como Jardel Pires, em fotos nos perfis.
 
A Operação

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT) deflagrou, nesta quarta-feira (05), a Operação Ragnatela para cumprir mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e afastamento de cargos públicos, para desarticular um núcleo de facção criminosa responsável pela lavagem de dinheiro em casas noturnas.

Estão em cumprimento oito ordens de prisões preventivas, 36 buscas e apreensões, nove sequestros de bens imóveis e 13 de veículos; e ainda duas ordens de afastamento de cargos públicos (policial penal e fiscal da prefeitura), quatro suspensões de atividades (casa de shows) e bloqueios de contas bancárias.

O DJ Everton Muniz, mais conhecido como Everton Detona e o empresário Willian Aparecido da Costa Pereira, popularmente conhecido como "Gordão", são alvos da operação Ragnatela.

Durante as investigações também foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. A Ficco apurou ainda que um parlamentar municipal atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Em continuidade à investigação, os policiais identificaram um esquema para introduzir celulares dentro de unidade prisional e transferências de lideranças da facção para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado, que se encontra em liberdade.

No último dia 1 de junho, foi identificado que dois alvos da investigação fugiram para o estado do Rio de Janeiro. Um deles é considerado o principal líder da facção criminosa investigada, atualmente em liberdade, e estava viajando com documentos falsos. Os criminosos foram abordados ainda dentro da aeronave, logo após o pouso no aeroporto carioca de Santos Dumont.
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