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Notícias / Criminal

MP quer que acusado de movimentar mais de R$ 600 mil para o CV seja mantido preso

Da Redação - Pedro Coutinho

O procurador de Justiça João Augusto Veras Gadelha manifestou ao Tribunal de Justiça pela manutenção da prisão preventiva de Michael Richard Silva Almeida, atualmente detido na Penitenciária Central do Estado (PCE). Para o membro do Ministério Público, restringir a liberdade de Michael é a única forma capaz de impedir a continuidade da prática de crimes junto ao Comando Vermelho. Parecer pela denegação do habeas corpus foi assinado no último dia 7.

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Michael, alvo da Operação Apito Final, é apontado pela Polícia Civil como uma das principais fontes de renda da organização criminosa liderada por Paulo Witer Farias, o WT, acusado de ser o tesoureiro geral do CV em Mato Grosso. De acordo com a investigação, Michael é um dos “braços fortes” do líder criminoso.

Sua defesa ajuizou habeas corpus no último dia 10 de maio, sustentando que a prisão de Michael ocorreu prevalecendo a máxima, inconstitucional, do “prender para depois investigar”. Outro argumento é que ele apenas emprestou suas contas bancárias para WT.

Segundo informações da decisão que autorizou a ação policial, Michael é primo de Emerson Ferreira Lima, irmão de Andrew Nickolas, e um dos principais comparsas de WT. Ele também é acusado de ser o responsável por recolher os valores nos pontos de venda de drogas. “Segundo consta, é uma das principais fontes de renda da organização criminosa”, diz trecho da decisão.
 
As investigações apontaram que Michael não possui vínculo empregatício, tampouco capacidade econômica lícita, e, ainda assim, ele teria realizado transações financeiras com outros alvos das investigações que totalizaram, no período do afastamento do sigilo bancário (2020 e 2022), a quantia superior aos R$600 mil.
 
Os investigadores explicaram que a participação de Michael na ocultação do patrimônio sob o comando de WT é revelada, por exemplo, na compra de um veículo Toyota Corolla pelo valor de R$ 180 mil.
 
Conforme as diligências, a compra do veículo ocorreu via transferências realizadas por Renan Freire Borman (R$ 105.000,00), Andrew Nickolas Marques dos Santos (R$ 40.000,00) e Michael (R$ 35.000,00) muito embora a propriedade fática do automóvel seja de WT. Todos citados nessa reportagem foram alvo da ação policial.

Após a Justiça manter a prisão de Michael, sua defesa ajuizou habeas corpus pedindo a revogação. Os principais argumentos apontam que a polícia não encontrou drogas em sua posse, que não enriqueceu com os crimes praticados e que sua ligação com WT se limita ao empréstimo da conta para movimentar os R$35 mil.

Para a defesa, a prisão de Michael ocorreu prevalecendo a máxima, que seria inconstitucional, do “prender para depois investigar”.

No entanto, para o Ministério Público, a liberdade de Michael resultaria no aumento das práticas delituosas do Comando Vermelho no estado, uma vez que a facção tem crescido vertiginosamente com arregimentação de novos membros, o enriquecimento por meio da lavagem de dinheiro e a perpetração de diversos crimes como o tráfico de drogas, roubos, furtos e homicídios.

“Com a franca expansão das organizações criminosas, neste Estado, principalmente do investigado nestes autos, denominada, Comando Vermelho de Mato Grosso, o decreto da prisão preventiva se demonstra consentâneo aos requisitos de necessidade e contemporaneidade exigidos pela lei, porquanto restringir a liberdade de um dos alvos que a integram como agentes fundamentais nas práticas dos crimes e estrutura criminosa é a única medida capaz de impedir a continuidade das práticas delitivas”, manifestou o procurador ao desembargador Paulo da Cunha, que deverá proferir uma decisão sobre o HC nos próximos dias.

A Operação Apito Final, deflagrada o começo de abril, iniciou após investigação na movimentação bancária de WT, apontado como líder contábil do CV em MT. Foi constatado que o grupo liderado por ele lavou milhões de reais provenientes do tráfico de drogas.

Time de futebol amador, empresas e supermercados de fachada, casa de luxo, veículos de alto padrão, viagens em praias e hotéis luxuosos faziam parte das “estratégias” usadas pelos faccionados para lavar quantidades milionárias, como forma de furtar as autoridades da verdadeira origem dos recursos: a venda ilegal de drogas.
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