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Notícias / Criminal

Assessor de vereador reclama prejuízos em eventos porque membros do CV estão morrendo e sendo presos; veja

Da Redação - Pedro Coutinho

Para evidenciar a ligação entre o Comando Vermelho, casas de shows e produtoras, o Ministério Público apresentou, na denúncia contra 14 alvos da Operação Ragnatela, um diálogo em que Elyzio Jardel Xavier Pires, membro da facção e do G12 produções, reclama que está sofrendo prejuízos com os eventos, e que os faccionados que investiam na promoção dos shows estão presos ou mortos.

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Assessor parlamentar do vereador Paulo Henrique de Figueiredo Masson, Jardel é apontado como membro do CV e sócio do também alvo e assessor, Rodrigo Leal, os quais possuem sociedade em diversos empreendimentos, entretanto, tais empresas constam em nome de laranjas, como ocorre no estabelecimento conhecido como “Strick Pub”, usado para lavar capitais para a facção.

Para evidenciar a ligação entre os eventos e o CV, o Ministério Público verificou que Jardel, em diálogo com pessoa identificada como Luana, reclama sobre prejuízos com os shows nacionais, e que os faccionados que investiam na promoção dos mesmos estão presos ou mortos, “dificultando o gasto de dinheiro em eventos e demonstrando, mais uma vez, a ligação do grupo G12 com o Comando Vermelho”, diz trecho da denúncia.

“Os bandidos que gastava dinheiro mesmo, tá tudo morto, ta tudo sendo preso, acabando corre, esse... nós que gastava o dinheiro, cê entendeu?”, diz trecho da conversa interceptada.



Denúncia da Ragnatela

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso apresentou uma denúncia formal contra diversos indivíduos, incluindo integrantes da facção, promoters e agentes públicos, acusados de formar a organização criminosa cujo objetivo é lavar dinheiro proveniente de atividades ilícitas.

De acordo com as investigações, a organização criminosa era liderada por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador", "Joga" ou "Veio". Gonçalves recebia grandes quantias em dinheiro dos membros operacionais da facção, Joanilson de Lima Oliveira, conhecido como "Japão", e João Lennon Arruda de Souza, que atuavam na distribuição de drogas.

Esse dinheiro era então canalizado para a compra de casas noturnas e a realização de eventos, facilitando a lavagem de recursos. O esquema de lavagem de dinheiro envolvia uma divisão clara de tarefas.

Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como "Gordão", era responsável por repassar o dinheiro para os promoters Rodrigo de Souza Leal e Elzyo Jardel Xavier Pires, que organizavam shows no Dallas Bar e em outras casas noturnas. Para financiar os eventos, Leal e Pires contavam com o apoio do grupo de promoters G12 Eventos.

Após a realização dos shows, o lucro era dividido proporcionalmente entre os membros do G12 e os integrantes do Comando Vermelho, com a plena consciência de todos os envolvidos.

As investigações revelaram o uso de depósitos fracionados para evitar a identificação dos depositantes e a origem ilícita dos valores. Além disso, estratégias como transferências de dinheiro em espécie e o uso de empresas de fachada eram utilizadas para ocultar as transações ilegais.

Entre os sócios das casas noturnas envolvidas no esquema estão Clawilson Almeida Lacava, conhecido como "Gauchinho", e Lauriano Silva Gomes da Cruz, que desempenhavam papéis importantes na dissimulação da propriedade e verdadeira atividade das empresas de eventos.

A denúncia formalizada pelo Ministério Público menciona a clara divisão de tarefas dentro da organização criminosa, que operava com o objetivo de cometer crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Os crimes estão previstos nos artigos 2º da Lei nº 12.850/13, 1º da Lei nº 9.613/98, e nos artigos 317 e 333 do Código Penal.
 
 
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