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Laranjas de liderança do CV em esquema que lavou milhões, advogado e servidor de Cuiabá são mantidos presos

Da Redação - Pedro Coutinho

Alvos da Operação Apito Final, que desarticulou núcleo do Comando Vermelho responsável por lavar milhões de reais na capital, o advogado Jonas Cândido da Silva e o servidor municipal Jeferson da Silva Sancoviche tiveram as prisões mantidas por decisão do juiz João Filho de Almeida Portela, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

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Jonas e Jeferson requereram a revogação das respectivas prisões, alegando que estão encarcerados em prazo excessivo, o que resultaria em constrangimento ilegal.

Examinando o pleito, contudo, o juiz anotou que o caso é complexo, envolvendo diversos réus com diferentes defesas, o que afasta a mera alegação de que os detidos estariam sendo constrangidos ilegalmente por excesso de tempo.

“Demais a mais, a manutenção da prisão também é justificada pelo suposto envolvimento dos denunciados na facção criminosa denominada “Comando Vermelho”, grupo este arquitetado e de grande complexidade”, anotou o magistrado.

O advogado Jonas foi preso quando da deflagração da operação. Segundo as investigações, ele trabalhou na Câmara Municipal de Cuiabá por sete anos e almejava lançar pré-candidatura ao cargo de vereador da capital pelo União Brasil.

Segundo apurado pela reportagem, o jurista foi nomeado na Casa de Leis em 2013. Já em 2016 foi lotado como Assessor Parlamentar do ex-vereador Ricardo Saad. O salário dele era avaliado em cerca de R$ 4 mil. Ele foi oficialmente exonerado em 2020.

Conforme noticiado pelo Olhar Direto, Jonas Cândido foi preso em Maceió, Alagoas, para onde ele viajou para prestar assistência jurídica a Paulo Winter Farias Paelo, o W.T., que foi detido apontado como líder do núcleo, durante um torneio de futebol amador no estado do Nordeste.

Witer é considerado o tesoureiro do Comando Vermelho e dono do time Amigos do WT, usado para lavar o dinheiro da facção. Nas redes sociais, Jonas compartilhou, por meio do stories, que estava a trabalho no estado.

O servidor municipal Jeferson da Silva Sancoviche foi preso na manhã do dia 14 de maio, dentro da Secretaria de Obras Públicas, no bairro Dom Aquino, na Capital.  Jeferson é motorista do secretário-adjunto de Obras, Ralf Macedo, mas foi alvo da polícia por atuar como "laranja" de WT.  A prefeitura já anunciou que vai exonerá-lo. Além dele, uma mulher também foi detida.

Segundo apurado pela reportagem, após a prisão dele, os agentes o levaram para casa, no bairro Residencial Wantuil de Freitas, para realização de busca e apreensão. Na residência, nada de ilícito foi encontrado, mas os policiais recolheram o aparelho celular. Já o suspeito foi encaminhado para a sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

A GCCO apurou que o Jeferson e uma mulher, moradora do Jardim Florianópolis, constavam como proprietários e de um apartamento em um edifício de alto padrão na capital, contudo, quem passou a residir no imóvel foi Witer, logo após sair da Penitenciária Central do Estado, em dezembro passado, quando teve a progressão para o regime semiaberto autorizada pela justiça.

A autoridade policial apurou ainda que o servidor público não teria condições financeiras de adquirir um imóvel como o que constava em seu nome. Ele é contratado da empresa pública de limpeza urbana da capital e tem um salário bruto mensal de R$ 3.643,12.

“Diante do fato acima exposto, não há excesso de prazo, visto que a marcha processual está caminhando dentro da normalidade e observando os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, celeridade e do devido processo legal, bem como foi respeitado o cumprimento de todos os prazos processuais estabelecidos no códex processualista, de forma célere, respeitando a excepcionalidade de se tratarem de réus presos. Assim, a prisão preventiva está subsidiada em diversos fundamentos concretos que, por ora, permanecem incólumes”, decidiu o magistrado.
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