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Notícias / Criminal

Líder de núcleo que lavou mais de R$ 65 milhões para o Comando Vermelho, 'WT' tem prisão mantida

Da Redação - Pedro Coutinho

Apontado como líder contábil do Comando Vermelho em Mato Grosso, Paulo Witer Farias Paelo, o “WT”, teve a prisão mantida por ordem do desembargador Paulo da Cunha, no âmbito da ação penal da Operação Apito Final, deflagrada para desarticular esquema de lavagem do dinheiro da facção, estimado em R$ 65 milhões. Com a ordem, ele segue encarcerado na Penitenciária Central do Estado.

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Defesa de WT ajuizou habeas corpus pedindo a substituição da sua prisão preventiva por medidas cautelares, as mesmas que beneficiaram os demais alvos da Apito Final.

Detido pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, WT sustentou que os fundamentos da ordem que decretou seu cárcere não seriam idôneos, e que as cautelares alternativas seriam suficientes. Apontou que estaria sendo submetido a constrangimento ilegal por conta disso.

Examinando o requerimento, porém, o desembargador Paulo da Cunha, membro da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT), anotou que os fundamentos do decreto prisional foram idôneos no sentido de fazer cessar a continuidade das atividades da organização criminosa.

Além disso, destacou a posição de liderança a qual WT ostenta, o que lhe difere dos demais alvos que foram beneficiados com as cautelares.

“Em que pese as alegações do impetrante, esse relator, nos diversos habeas corpus que apreciou relativo à operação policial da qual decorre o mandado de prisão expedido contra o paciente, tem realizado o exame individualizado da conduta de cada investigado, não sob o prisma da capitulação jurídica, mas dos fatos objetivamente imputados. No caso objetivo do paciente, ainda lhe é atribuída a função de líder do núcleo criminoso”, asseverou Paulo da Cunha, mantendo WT preso.
 
Prisão e violação da tornozeleira
 
Enquanto era monitorado por tornozeleira eletrônica, cuja localização marcava em Cuiabá, no dia 30 de dezembro de 2023, Paulo Witer Farias, o Paulo WT, na verdade estava em Balneário Camboriú, onde desfrutava de fim de semana para comemorar a virada de ano com seus comparsas do Comando Vermelho. Ali, ele saltou de paraquedas e, na sequência, partiu para o Rio de Janeiro e depois Maceió, sempre hospedado em locais de luxo à beira-mar. Ele burlou o sistema de monitoramento para curtir as "férias".
 
A movimentação do líder contábil da facção em Mato Grosso foi revelada por investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), no âmbito da Operação Apito Final, deflagrada no começo de abril para combater as ações do grupo, que lavou milhões de reais por meio do tráfico de drogas na capital.
 
Embora estivesse localizado em Balneário, o monitoramento marcava que ele estava em Cuiabá, aproveitando-se das falhas do equipamento, na casa que ele adquiriu dentro de um condomínio de área valorizada.
 
As investigações concluíram que Witer e seus quatro comparsas saíram de Mato Grosso à Santa Catarina em uma caminhonete, Amarok, saindo no dia 27 de dezembro e chegando ao destino no dia 29. Eles ficaram em Camboriú até o dia 1º de janeiro, quando retornaram à capital.
 
Rio de Janeiro foi o segundo destino dos criminosos. Na orla carioca, eles se hospedaram em hotel de alto padrão e, conforme as informações da polícia, eles partiram do Aeroporto Marechal Rondon em 17 de março e ficaram no Rio até o dia 28. Depois, partiram para Maceió.
 
Na capital de Alagoas, WT se reuniu a outros comparsas e se hospedou em um resort urbano, na praia de Jatiúca, uma das melhores localizações da cidade. Ali, eles gastaram mais R$70 mil nas suítes de luxo.
 
Paulo Witer, Andrew, Alex Júnior e Tayrone Fernandes de Souza acompanharam o time “Amigos WT” em um torneio de futebol em Maceió. O time amador foi criado por Witer para lavar os dinheiros obtidos pela facção criminosa. 
 
Eles foram presos no dia 29, em Alagoas, no âmbito da primeira fase da Operação Apito Final, cujos mandados de prisão foram expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policial (Nipo) de Cuiabá.

No momento da prisão em Maceió, Paulo Witer também não utilizava a tornozeleira eletrônica, mais uma vez descumprindo as medidas judiciais. Conforme os delegados Gustavo Belão e Rafael Scatolon, as movimentações de WT demonstram que o sistema estatal é falho e, em vários momentos, inoperante.

Em dezembro passado, Witer foi colocado no regime semiaberto, com uso de tornozeleira eletrônica, após cumprir 15 anos, de um total de 51 anos de penas impostas em diversos processos na justiça estadual. Porém, após a Apito Final, o grupo foi detido na Penitenciária Central do Estado. 
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