Embora a saída do deputado Eduardo Botelho do União Brasil já venha sendo especulada há algum tempo, a declaração do parlamentar na última segunda-feira (7), de que já trabalha com a hipótese de estar fora do partido, pegou inclusive seus aliados de surpresa. Após conversar com Botelho na noite desta quarta-feira (9), o deputado Dilmar Dal’Bosco defendeu que o colega se reúna em particular com o governador Mauro Mendes e os principais caciques da legenda, afim de aparar as arestas.
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“Eu acho que não é por aí ainda o caminho. Ontem falei para ele que ele poderia ter ido no partido normalmente, até porque nós temos uma grande consideração por ele, ele sabe disso. Não precisa antecipar as coisas. E esse assunto tem que ser tratado com o governador, o Mauro Carvalho, o senador Jayme, o deputado Julio Campos e o Botelho. Eu nem me incluo, não tenho necessidade de participar, mas defendo que essa reunião aconteça. Mesmo que ele tome essa decisão [de sair], tem que acontecer de forma tranquila, no diálogo”, declarou Dilmar.
Conforme apurou a reportagem, a entrevista concedida pelo deputado Eduardo Botelho na última segunda-feira surpreendeu a todos no União Brasil. As lideranças souberam da declaração do parlamentar enquanto estavam almoçando, após reunião para receber novos filiados.
“Ninguém entendeu aquele rompante. Até então, seguíamos a premissa de que ele e o governador iriam resolver isso juntos, estabelecer critérios para essa escolha, mas não agora”, disse uma fonte ao Olhar Direto.
Na ocasião, Botelho disse que não compareceu ao almoço por opção. “Eu estou trabalhando com a hipótese de estar fora do União Brasil. Já não estou mais trabalhando com a hipótese de trabalhar dentro do partido. Já me fecharam as portas, então vou pra algum lugar que tem portas abertas para mim”, disparou.
No dia seguinte, Botelho seguiu para Brasília para cumprir agendas extraoficiais. Os compromissos incluíam reuniões com lideranças partidárias que vêm sondando sua filiação.
No último final de semana, o deputado participou de um churrasco promovido pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que preside o PSD de Mato Grosso. A sigla é apontada como o destino mais provável para Botelho, após concretizada a saída do União Brasil.
Questionado sobre o assunto, inicialmente, o governador Mauro Mendes colocou panos quentes na situação. “Eu não posso aqui, como governador, como presidente de um grande partido, ficar me pronunciando porque eu ouvi alguém falar, não dá. Vou conversar com ele primeiro e depois eu posso até falar algo”, defendeu.
Já nesta quinta-feira (10), perguntado novamente, Mauro voltou às eleições de 2010, quando disputou o governo do Estado pela primeira vez e perdeu o pleito para o ex-governador Silval Barbosa, para defender a tese de que a amizade independe de apoio político.
“Em 2010 o Blairo não me apoiou [ao governo] e eu continuei sendo amigo dele, nossa relação não mudou. Ele me apoiou para prefeito em 2008 e ele apoiou Silval em 2010, não briguei com ele. Eu vou conversar com Botelho. Se ele quiser continuar, será bem-vindo. Não tem essa imposição [permanecer]”, disse.
“Botelho é uma peça extremamente importante dentro do partido, sempre foi leal ao governo e eu, particularmente, espero que ele fique e que a gente encontre o melhor caminho. Nos surpreendeu [a declaração], porque nós seguíamos conversando com ele, esperávamos resolver lá na frente, estabelecer um critério de escolha, se seria através de pesquisas mesmo, qual seria o encaminhamento. Ontem tivemos mais uma reunião e a minha sugestão foi para que somente as principais lideranças discutam esse assunto, não precisa chamar os demais. Reunião de poucas pessoas, para que seja tomada uma decisão madura”, pontuou Dilmar.
