Vereadores de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) criticaram a lentidão da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara em analisar o processo ético contra o vereador Paulo Henrique (MDB), que foi preso na sexta-feira (20), na segunda fase da Operação Ragnatela. Eles alegam que o tratamento dado aos parlamentares da base governista é mais brando em comparação com os oposicionistas.

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O vereador Eduardo Magalhães (Republicanos) comentou que, caso tivesse cometido um erro, no outro dia teria um pedido de abertura de comissão contra ele sendo votado em plenário. Ele ressalta que o colegiado atua com “dois pesos e duas medidas”.

“Se eu parar meu carro em uma vaga de deficiente, no outro dia vão abrir um processo de cassação contra mim, se bobear me colocam na cadeia. Agora um cidadão da base do prefeito tem toda uma proteção. Por quê? Não tem cabimento uma coisa dessa? Por que não foi levado ao plenário? Por que o Conselho de Ética não agiu ainda? Dois pesos e duas medida”, enfatizou.

A oposição também questionou o porquê de a Comissão de Ética ainda não ter levado o caso de Paulo Henrique ao plenário. O vereador Demilson Nogueira (PP) criticou a demora do presidente da Câmara, Rodrigo Arruda e Sá (PSDB), em iniciar o processo.

"O processo tem que andar. O presidente Rodrigo não pode sentar em cima e dizer que quatro meses não foram suficientes para fazer a leitura do processo. É inadmissível", afirmou.

Já a vereadora Maysa Leão (Republicanos) reforçou que o tratamento desigual entre os vereadores da base e da oposição ficou evidente em outros casos, mencionando a rapidez com que comissões processantes são criadas e votadas pelos oposicionistas.

"A regra aqui é que uma comissão processante é lida na primeira sessão e os membros são escolhidos na sessão seguinte, mas agora as comissões estão paradas na Procuradoria da Casa para ver a admissibilidade, o que deveria ser feito em 24 horas", criticou.

O processo contra Paulo Henrique começou em julho deste ano, após ele ter sido alvo de busca e apreensão. Passados três meses, o colegiado ainda não apresentou respostas, o que tem deixado a oposição irritada.

A prisão

Preso nesta sexta-feira (20), durante a operação Pubblicare – segunda fase da Operação Ragnatela -, Paulo Henrique teve sua candidatura deferida pela Justiça. Segundo as informações da força-tarefa, dessa vez, a operação busca combater o núcleo da organização formado por agentes públicos. A suspeita é de que eles colaboravam com a facção Comando Vermelho nos crimes de lavagem de dinheiro, organizando shows e eventos em casas noturnas da capital.

O suposto grupo criminoso teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil. A compra foi paga em espécie, com o lucro auferido de atividades ilícitas.

Na primeira fase da operação, em junho, Paulo teve o celular apreendido, bem como um veículo, pois foi apontado como interlocutor entre a facção criminosa e agentes públicos. 

A FICCO identificou que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos, responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. As investigações também apontam que o parlamentar atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Na época, de acordo com as investigações, o parlamentar receberia benefícios financeiros do grupo. Aos investigados são imputados os crimes de corrupção passiva/ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, juntamente com membros da facção indiciados durante a operação Ragnatela.