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Indústrias têm dificuldades para contratar profissionais qualificados

07 Nov 2009 - 17:02

Juliana Michaela - Especial para o Olhar Direto

Foto: Juliana Michaela

Indústrias têm dificuldades para contratar profissionais qualificados
88,3% das empresas relatam que enfrentam dificuldades de recrutamento e contratação para aérea operacional. Essas dificuldades atingem 100% das indústrias de vestuário, metalúrgica/siderúrgica e serviços de reparação de veículos. Em seguida com 97,6% os setores de alimentos/bebidas; 85,7% produção de energia elétrica e 62,5% segmento de artefatos de couro.


A “falta de profissionais qualificados” ou as opções “profissionais com experiência, mas sem conhecimentos tecnológicos”, “sem escolaridade compatível” e “sem experiência na função” foram exaustivamente citadas na pesquisa de identificação das demandas por capacitação profissional e serviços técnicos e tecnológicos na indústria de Mato Grosso, conduzida pelo Senai – Departamento Nacional em conjunto com o Senai-MT.

A pesquisa de mercado de trabalho ocorreu em sete diferentes sub-regiões do estado. Foram pesquisadas 111 unidades produtivas e 26,2 mil trabalhadores, que representavam um universo de 1,8 mil estabelecimentos e 76,7 mil trabalhadores. A pesquisa foi publicada em 2007. Ela ocorreu nos meses de setembro de 2006 a janeiro de 2007.

Para contornar as dificuldades em relação à escassez de mão de obra, 78,4% (87 unidades) das empresas tomam a iniciativa de promover treinamentos da sua mão-de-obra. Nas entrevistas, um dos entraves para a modernização da economia é a baixa competência cientifica e técnica no estado.

“A escolaridade formal e capacitação profissional de qualidade passaram a ser determinantes para o profissional ter algum êxito no mercado de trabalho. Atualmente, exige-se do profissional – mesmo do chão de fábrica – não só a habilidade em operar uma máquina, mas também conhecimentos que o possibilitem “dominar” a tecnologia do equipamento, detectar falhas/defeitos e participar do processo que leva à solução do problema”, descreve a conclusão da pesquisa de mercado.

Com a expectativa de crescimento de 8% ao ano do setor industrial, é imprescindível que haja aumento da demanda de profissionais qualificados. De acordo com dados do PNAD 2006 (IBGE), a população de Mato Grosso possui uma média 6,8 anos de estudo das pessoas de 15 anos ou mais idade. Para completar todo o ciclo da Educação Fundamental (antiga 1ª série a 8ª série) são necessários nove anos de estudo.

Em outro dado, o PNAD 2005, apurou que 26% da população mato-grossense com 10 anos ou mais de idade não possui sequer quatro anos de estudo e que a proporção das pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo é de aproximadamente 10%.

A pesquisa constatou para os próximos anos a ampliação do quadro de pessoal nas seguintes proporções:


Fonte: Pesquisa de identificação das demandas por capacitação profissional e serviços técnicos e tecnológicos na indústria de Mato Grosso – 2007/ Senai-DN e Senai-MT

10 carpinteiros são contratados por empresa antes de terminarem o curso

O grupo Plaenge contratou 10 carpinteiros de um total de 15 alunos que iniciaram o curso na Escola da Construção do Senai, situada no Distrito Industrial de Cuiabá. Eles irão trabalhar como ajudantes de carpinteiros e receberão R$ 800,00. Ao finalizar o curso, os que se adaptarem receberão R$ 1,4 mil. Segundo informações da Escola da Construção, a empresa Concremax procurou nesta semana carpinteiros para serem contratados.

Por pelo menos 20 anos, o setor da construção civil não teve a necessidade da contratação de mão de obra como ocorreu no primeiro semestre de 2008 e agora no segundo semestre de 2009. Para o gerente de engenharia da Plaenge, Rui Massaru Manabe, o mercado da construção civil está aquecido e falta mão de obra qualificada. “Eu estou formado há 20 anos e nesse período houve dois picos na construção civil, uma no ano de 1997 e outra em 2003 com o agronegócio. Antes o setor pegava ajudante de pedreiro, por exemplo, e fazia a qualificação dele direto na obra”, conta Manabe.

Manabe comenta que um prédio se levanta em dois anos, mas não se tem nesse período a mesma quantidade de profissionais qualificados. “A velocidade do lançamento dos empreendimentos não é igual à mão de obra. Hoje, a profissão de carpinteiro é a que está em falta, logo em seguida é pedreiro de revestimento. Existe um preconceito na sociedade de trabalhar na construção civil, principalmente pela estagnação que houve de 20 anos. Todo mundo quer estar em escritório, o pai que é pedreiro, muitas vezes não quer que o filho seja”, fala o gerente de engenharia da Plaenge.

O engenheiro relata que hoje o setor se tornou atrativo e com bons salários, existem pedreiros ganhando de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, e encarregados de obras ganhando de R$ 1,5 mil até R$ 4 mil.

Um dos alunos do curso de carpintaria contratado pela Plaenge, Pedro Alvares Gomes, 36 anos, casado e pai de dois filhos, trabalha na construção civil há 1 ano e meio como autônomo. Anteriormente ele trabalhava na instalação e manutenção de telefone. “O salário na construção civil que me atraiu para o ramo. O fato de ser contratado é importante porque existe uma segurança financeira, além de ser reconhecido profissionalmente. Como autônomo eu trabalhava 1 mês e fica outros 15 dias parado”, confidencia Gomes.

O instrutor de carpintaria do Senai-MT e mestre de obras, Elias Duarte de Souza, trabalha há 17 anos na construção civil e recomenda aos interessados que desejam trabalhar no setor que se qualifiquem porque as empresas exigem trabalhadores cada vez mais preparados.

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