O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou hoje (13), no Rio de Janeiro, a campanha de prevenção à aids no carnaval 2009. Com o slogan "Sexo não tem idade para acabar. Prevenção também não", as ações deste ano terão como foco as mulheres com mais de 50 anos.
Segundo dados de uma pesquisa divulgada hoje (13) pelo ministério, há uma forte tendência de crescimento da doença nesse grupo. Nos últimos dez anos, as ocorrências de aids entre essa parcela da população triplicaram, passando de 3,7 casos em cada 100 mil habitantes para 11,6 em cada 100 mil.
Ainda de acordo com o estudo, essa realidade pode ser explicada principalmente pela dificuldade que as mulheres nessa faixa etária têm de convencer seus parceiros a usar preservativo e ainda pela falsa percepção de que essa parcela da população está imune ao vírus.
O ministro destacou que os dados são “fortes” e podem estar associados ao machismo ainda presente na sociedade brasileira.
“É uma situação extremamente preocupante porque a pesquisa também aponta que mais de 70% dessas mulheres não usam a camisinha mesmo em relações eventuais. O estudo revela que a maioria maciça delas conhece as maneiras de transmissão da doença. Deixam de usar preservativo não é por falta de informação, mas por causa do padrão cultural, do machismo que prevalece, em que as relações não são horizontais."
"Por isso, nosso objetivo com essa campanha é chamar a atenção para o problema e informar adequadamente sobre a importância de se conversar com seus companheiros e exigir o uso da camisinha”, explicou.
A advogada Beatriz Pacheco, de 60 anos, contraiu o vírus HIV na década de 90 do seu então marido. Ele tinha cirrose hepática e havia sido contaminado durante transfusão de sangue em 1991. No ano seguinte ele morreu, ainda sem saber que tinha a doença. Três anos após a morte dele, a advogada descobriu que estava contaminada. Ela casou novamente algum tempo depois e desde então defende o uso do preservativo por mulheres de qualquer idade.
“A gente sempre pensa que sexualidade e aids é coisa de jovem, mas não é assim. Eu e meu último marido fomos aprender a usar camisinha depois dos 50. Muitas vezes entrávamos nas farmácias para comprar preservativo e as pessoas riam de nós. É preciso usar o preservativo sempre”, defendeu.
Este ano, o Ministério da Saúde vai distribuir 45 milhões de camisinhas por mês. Durante fevereiro, por causa do carnaval, estão sendo disponibilizadas 65 mil. Os preservativos serão distribuídos principalmente em postos de saúde, em hospitais da rede pública e em ações específicas do ministério.
