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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias | Turismo

Chão de Uyuni reflete paisagem surreal

Quando você for ao salar de Uyuni, na Bolívia, torça para que chova na noite anterior. A chuva que se acumula na superfície de sal reflete o céu, criando a ilusão de que a paisagem é uma só. Emoção, deslumbre e surpresa são apenas algumas das palavras que cabem para descrever a sensação de chegar ao deserto de sal após três longos dias de viagem.


Partindo de San Pedro de Atacama, no Chile, o trajeto até o salar de Uyuni dura três dias --mais um para voltar. A distância percorrida entre San Pedro de Atacama e o salar boliviano é pequena, mas a viagem se prolonga porque é feita aos poucos, com paradas nas atrações naturais da reserva nacional de fauna andina Eduardo Avaroa, na região de Potosí.

Apenas agências de turismo bolivianas têm autorização para fazer a viagem até o salar. O pacote, que inclui transporte, alimentação e hospedagem, sai por cerca US$ 135. De San Pedro, pega-se uma van até a fronteira com a Bolívia. 

Após passar pela imigração --basta apresentar identidade ou passaporte--, jipes 4x4 acomodam grupos de seis pessoas. Também é possível fazer o trajeto no sentido contrário, partindo da Bolívia rumo ao Chile.

É preciso levar roupas tanto para frio quanto para calor, traje de banho (para aproveitar o mergulho em uma terma com água a cerca de 30C), além de protetor solar, óculos escuros e um saco de dormir -útil e higiênico para passar a noite em lugares simples.

Durante a viagem, o turista se depara com lagoas, gêiseres, pedras vulcânicas esculpidas pelo vento e diversos animais, como flamingos, vicunhas e lhamas --esses últimos costumam ser adornados com fitas coloridas, que servem para identificar a qual família de agricultores pertencem e simbolizam os elementos que eles tiram da natureza.

A primeira parada é na laguna Verde, que fica a 4.400 metros de altitude. Em seguida vem a laguna Branca, de onde se avista o vulcão Licancabur, cujo território é dividido entre Chile, Argentina e Bolívia.

Depois, o visitante entra numa área geotérmica chamada Sol de Mañana, que fica a cerca de 5.000 m. A área possui gêiseres ativos, que borbulham freneticamente, alcançando até 50 metros de altura.

A região é uma verdadeira aula de geografia, com lavas de cores cinza e laranja em plena atividade. Parece que o visitante acompanha o começo da formação da Terra. Não é recomendável passar muito tempo no local, pois a inalação dos gases pode causar náuseas e enjoos.

Cerca de 50 quilômetros adiante, é possível ver a laguna Colorada, uma das paisagens mais impressionantes do trajeto. Povoada por muitos flamingos e algumas lhamas e vicunhas, a lagoa tem sua coloração determinada pela luz solar, pelas algas e pelos sedimentos que ficam em sua borda -em determinado trecho, apresenta tons de rosa, em outros, nuances verde-azuladas.

Algumas refeições são preparadas pelos motoristas do jipe. Contente-se em só saber na hora o que vai cair no seu estômago. Arroz com tomate e atum é uma opção, assim como salsicha com purê. Tudo bem simples.

Vegetarianos podem ter dificuldades. Para se prevenir, faça um kit com comidas que podem ser conservadas em temperatura ambiente, como castanhas e barras de cereal.

O primeiro dia de viagem costuma ser mais complicado, por conta da mudança brusca de altitude e, também, de temperatura. Enjoo, náusea e dor de cabeça são companheiros inseparáveis dos mais sensíveis.

Seguindo a tradição local, os guias costumam recomendar chá de coca para aliviar os sintomas --outro chá, menos conhecido, é o de chachacoma, ainda mais forte e eficiente.

No fim do dia, após mais de oito horas de passeio, é chegada a hora da primeira parada -um alojamento simples, com quartos compartilhados, onde é servido um jantar frugal. Primeiro problema: a hospedagem não inclui banho...

No dia seguinte, bem cedo, é hora de dar continuidade ao trajeto pela reserva. A primeira parada é no deserto de Siloli, que conta com formações vulcânicas esculpidas pelo vento. A mais famosa é o Arbol de Piedra, ou árvore de pedra.

Uma parada no povoado de Julaca impressiona e, por vezes, deprime. A cidade, cortada por uma linha de trem desativada, é semidesabitada --vê-se uma família ou outra, além de um cemitério repleto de cruzes.

Na segunda noite, o ponto de parada é um hotel de sal --chão coberto de sal, mesa formada por sal, comida nem sempre com muito sal. Nessa noite, é possível tomar banho --a água quente é garantida no recibo, mas basta chegar ao local para se contentar por ter banho.

Ver paisagens deslumbrantes por dois dias seguidos pode fazer o viajante pensar que nada mais vai surpreender. Mas basta chegar ao salar de Uyuni para deixar qualquer pensamento racional de lado. Com 12 mil km2 de extensão, o salar é o tipo de paisagem que você nem imaginava que existia. A sessão de fotos é garantida. Principalmente para fazer ensaios com ilusão de ótica.

O salar de Uyuni ocupa as profundezas de um lago que existiu há 12 mil anos. Ao longo de sua extensão, há trechos com apenas 80 cm de profundidade; outros chegam a 80 metros. O local também é conhecido por ser o maior depósito de lítio do mundo (leia ao lado).

A chuva que transforma a paisagem numa só imagem impede a visita à isla de Pescado, uma ilhota cuja superfície é recoberta por cactos gigantes, que chegam a dez metros de altura.
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