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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Turismo

Marrocos é porta de entrada para iniciantes na cultura muçulmana

Incrustada no sul do Marrocos e às portas do deserto do Saara, Marrakech há décadas fascina os viajantes ocidentais no norte de África. Ex-colônia francesa desde 1956 e com fortes ligações políticas e econômicas com Portugal e Espanha, o Marrocos serve como excelente porta de entrada para os iniciantes na cultura muçulmana.


Boa parte da população urbana fala francês e o inglês funciona razoavelmente bem. Mais distante do Mediterrâneo, contudo, Marrakech tem a vantagem de preservar muito da cultura berbere, as tribos habitantes do deserto.

Arnaldo Comin/Folha Online

A religião e o comércio de Marrakech giram em torno da grande mesquita Kutubiyya
Fartamente arborizada por laranjeiras e palmeiras gigantes, Marrakech parece até uma cidade de praia, ainda que distante 150 quilômetros do litoral.

Apesar das largas avenidas e uma área nova repleta de hotéis e prédios de escritórios modernos, é na Medina-- o muro que cerca o centro histórico-- que fica o pulmão da cidade.

Na cultura islâmica, religião e comércio são duas faces da mesma moeda. Toda a vida da cidade gira em torno da espetacular mesquita Kutubiyya, ao lado da praça Djemaa El-Fna, que dá acesso ao labiríntico mercado tipicamente árabe.

Embora pareça assustador no começo, a grande diversão de Marrakech é se deixar perder pelas ruelas repletas de lojas com tapetes, roupas, louças e artigos de decoração típicos.

Na hora de fazer negócio, os marroquinos levam ao pé da letra o versículo do Corão que diz: "Só Alá pode fixar um preço justo".

Em Marrakech, com exceção dos hotéis e restaurantes, tudo se negocia. O segredo é perder a vergonha ocidental e pechinchar. E muito.

Aprendendo a pechinchar

Com muita paciência e jogo de cintura é possível baixar o preço de uma mercadoria até um terço do valor original, por isso não convém se empolgar e sair comprando tudo no primeiro dia.

Viajar pela região não é particularmente barato, já que o turismo acaba inflacionado pelo fluxo de euros trazido pelos europeus. Ainda assim, é uma opção acessível. Com R$ 1 compra-se 3,5 dirhans, a moeda marroquina, e os gastos com alimentação e transporte são bem razoáveis.

Um taxi do aeroporto até o centro sai por aproximadamente R$ 30 --barganhando, é claro-- enquanto um delicioso cuscuz, o clássico da cozinha marroquina, sai em torno de R$ 20 por pessoa.

Para hospedagem, uma excelente dica são os Riads, casas tradicionais transformadas em hotéis nos quais os proprietários normalmente são franceses. Atendimento simpático, decoração caprichada e preços atrativos fazem deles a melhor opção de estadia.

Arnaldo Comin/Folha Online

Em Marrakech, a separação entre ruas e calçadas é praticamente uma ficção, para tensão dos turistas

Típica cidade de terceiro mundo, com cerca de um milhão de habitantes, Marrakech impressiona pelo trânsito caótico, dominado pelas motocicletas, e o burburinho das pessoas andando apressadas.

A separação entre ruas e calçadas é praticamente uma ficção, o que gera certa tensão aos visitantes. Por outro lado, o povo marroquino é extremamente cordial e acolhedor. Assaltos e violência também são raros, um motivo a menos para preocupação.

Embora exista algum assédio ao turista, não é nada se comparado ao que um estrangeiro sofre no Pelourinho, em Salvador. No caso das mulheres, é recomendável sair com o cabelo preso, os braços cobertos e roupas sem decote.

Cidade é famosa pelos jardins e palácios

Infelizmente, os não seguidores do Profeta Maomé estão proibidos de entrar nas Mesquitas, o que gera alguma frustração. Quem quiser curtir essa experiência terá de se deslocar até Casablanca, mais ao norte, onde alguns templos são abertos aos turistas. Mas isso não faz de Marrakech pobre em locais de visitação. A cidade tem vários palácios, que encantam pela arquitetura e o finíssimo trabalho de azulejaria.

O maior deles, o Palácio Real, onde o rei Muhammad 6º, cuja foto está em absolutamente todos os lugares públicos, também é vedado ao público. Há, porém, duas ótimas opções, os Palácios El-Bahia e El-Badi.

O primeiro foi construído no final do século 19 e chama a atenção pelos arabescos espalhados por um labirinto de salões e jardins ornamentados por fontes, laranjeiras e flores de diversos tipos. O El-Badi, por sua vez, é uma ruína do século 16, o que não o torna menos interessante.

A construção reflete um dos períodos áureos do sultanato marroquino e sua vista da cidade é magnífica. Pode-se visitar ainda um púlpito de oração construído no século 10 em Córdoba, na Espanha, considerado uma obra-prima do gênero no mundo muçulmano.

Marrakech também oferece ótimos passeios por parques e áreas verdes. O mais popular é parque no entorno da Grande Mesquita, onde as mulheres marroquinas costumam se encontrar para bater papo e relaxar.

O local mais charmoso da cidade, porém, é o Jardim Majorelle, desenhado pelo pintor modernista francês Jacques Majorelle, que se estabeleceu em Marrakech por volta da década de 20. Nos últimos anos o jardim foi comprado por Yves Saint Laurent, morto em junho de 2008. Quem quiser dar um último adeus ao estilista poderá visitar o pequeno memorial onde suas cinzas estão depositadas.

Além da arquitetura tradicional, a cidade permite ainda conhecer um pouco do moderno urbanismo árabe, concentrado na região do Guéliz, seu bairro mais cosmopolita.

Há muitos edifícios novos, hotéis, bares e restaurantes que atraem a elite local e turistas europeus. A construção mais chamativa é a novíssima estação de trem, que mistura com bom gosto a funcionalidade ocidental e a estética muçulmana.
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