O ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, pediu nesta quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "desconsidere a decisão" do ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, de conceder refúgio político ao ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália.

Em uma entrevista para um programa de TV italiano, o chanceler disse que está "analisando atentamente o que irá fazer" com o embaixador italiano no Brasil, Michele Valensise, se o convoca ou não a voltar ao país, enquanto "espera a resposta de Lula" à carta enviada pelo presidente da Itália, Giorgio Napolitano.

Napolitano enviou o texto no último dia 17 expressando "profundo estupor e pesar" pela decisão tomada pelo Brasil e pedindo que governo brasileiro reveja o caso.

Frattini ressaltou que Genro concedeu refúgio político a Battisti ignorando o parecer contrário do Comitê Nacional de Refugiados (Conare) dado em novembro de 2008.

Na quarta-feira, o ministro da Defesa, Ignazio La Russa, apresentou uma proposta a Frattini pedindo que o Valensise compareça à Itália para consultas. O ministro para Assuntos Europeus da Itália, Andrea Ronchi, e a ministra da Juventude, Giorgia Meloni, já anunciaram apoio à proposta de La Russa.

Cesare Battisti, de 54 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália acusado de quatro assassinatos cometidos na década de 1970 quando militava no PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), grupo ligado às Brigadas Vermelhas.

Tarso concedeu o status de refugiado político a ele no último dia 13, explicando que a decisão foi baseada na "existência fundada de um temor de perseguição" contra o italiano.