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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Cultura

Equipe indígena filma em Cuiabá projeto vencedor do DocTV

Em Mato Grosso, onde vivem cerca de 39.000 índios pertencentes a 42 etnias, duas equipes - uma indígena e outra não-indígena - cruzam olhares entre modos de ver, sentir, pensar e agir de pessoas de diferentes culturas. Esta é a proposta de ´´A Trama do Olhar``, projeto de Glória Albuês vencedor mato-grossense da quarta edição do Concurso DocTV, que fomenta a realização de documentários em todos os estados brasileiros.


Desde a semana passada, índios de diversas etnias presentes no Estado participam das filmagens do documentário, juntamente com a equipe não-indígena. A equipe indígena é formada pelos cineastas Caimi Waiasse Xavante, Winti Suyá e Maricá Kuikuro, todos com destacada atuação na produção de filmes e vídeos sobre povos indígenas. Os três realizadores estão se revezando nas funções técnicas de direção, câmera e som. A equipe indígena ainda é formada pelas entrevistadoras Isabel Taukani e Naíne Terena, além de Darlene Taukani e Vitor Peruare, que foram consultores da produção.

Com outros equipamentos, na equipe não-indígena estão a diretora do documentário, Glória Albuês, o diretor de fotografia João Carlos Bertholi, a produtora Luciana Prieto e os produtores Diego Baraldi e Felipe Albues Martins.

´´Esta é uma possibilidade única para mostrarmos como o diálogo entre diversas etnias é possível, principalmente em um Estado como o nosso, onde há tantas tensões e conflitos políticos envolvendo índios e não-índios. Neste documentário, as duas equipes trabalham juntas e são complementares. O produto das gravações será sempre de vários olhares mediados por uma mídia eletrônica sobre o mesmo objeto. Da combinação destes olhares, surge a mágica de ´A Trama do Olhar```, enfatiza Glória Albuês.

No mês de fevereiro, membros da equipe indígena e não-indígena se reuniram na cidade de Chapada dos Guimarães para, além de conhecerem-se mutuamente, definir como seria realizado o trabalho das equipes, os temas a serem abordados e identificar o melhor modo de produzir as gravações. Com o calendário definido, ambas as equipes prepararam-se para realizar as gravações.

Entre as situações interessantes já registradas, estão passagens da vida noturna em Cuiabá. ´´Eu tive a idéia de documentar os vários estilos de música existentes em Cuiabá, indo da música eletrônica à viola de cocho e gravamos entrevistas também com os frequentadores de boates da capital``, afirma Maricá Kuikuro, um dos realizadores indígenas. ´´Entramos nestas boates e em bares com detalhes de pinturas indígenas em nosso corpo. ´´Também usamos adornos para que ficasse bem claro que ali, naquela situação, estávamos claramente nos apresentando como índios``, completa Kuikuro.

Na segunda-feira, as equipes entrevistaram o artista plástico Clóvis Irigaray, que desde os anos 1970 vem representando em suas obras o elemento indígena em diferentes situações. ´´Entrevistar um artista que se preocupou e deu visibilidade aos índios foi muito gratificante para mim``, declarou Caimi Waiasse Xavante, realizador que na próxima semana estará em Nova York participando de um Festival de Cinema Etnográfico. ´´Este documentário é uma oportunidade única para realizarmos um trabalho onde índios e não-índios dialogam de verdade``, argumenta Xavante.

Outros entrevistados participam do documentário, como os fotógrafos Antônio Carlos Ferreira (Banavita) e Mário Friedlander. Um momento curioso nas entrevistas foi o diálogo travado entre membros das equipes e o cineasta Joel Pizzini, através de videoconferência online. O cineasta, que vive no Rio de Janeiro, conversou sobre a experiência de filmar o longa ´´500 Almas``, em que apresenta o processo de reconstrução de identidade dos índios Guató.

As equipes visitaram também o Museu Rondon, na Universidade Federal de Mato Grosso, onde há um grande acervo de arte plumária, adornos e objetos próprios de diversas etnias presentes no Estado de Mato Grosso. ´´As pessoas precisam saber que aqui em Cuiabá existe este lugar com tanta informação sobre sociedades indígenas, de fácil acesso``, indica o realizador Winti Suyá. ´´O Museu está diariamente aberto para toda a sociedade``, reforça Antônio João de Jesus, técnico do Museu Rondon.

As gravações do documentário continuaram até ontem. ´´A Trama do Olhar`` tem previsão de lançamento local em julho. Como faz parte do Programa DocTV, o documentário será exibido em rede nacional pela TV Brasil, TV Cultura e TV Universidade da UFMT. A edição Mato Grosso do DocTV IV é uma realização da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, da Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais (Abepec), da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), Empresa Brasil de Comunicação (TV Brasil), Universidade Federal de Mato Grosso (através da TVU), com apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas (ABD), AMAV-ABD-MT .
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