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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Ambientalistas questionam decreto sobre cavernas e grutas

O Brasil tem 7,3 mil cavernas catalogadas. Todas são protegidas por lei.


“O risco é empreendimentos, principalmente de mineração, promoverem a destruição desse patrimônio”, diz Flávio Túlio Gomes, biólogo do Ibama.

É que a maioria das grutas é formada por rocha calcária, utilizada na fabricação de cimento. Agora, o decreto assinado pelo presidente Lula determina que as cavernas sejam divididas em quatro categorias: de relevância máxima: continuam intocadas; de relevância alta: quem destruir uma deve preservar outras duas semelhantes; de relevância média: se for danificada, o responsável deverá dar compensações ambientais, ainda não definidas; e as de relevância baixa podem simplesmente ser destruídas.

O problema é como classificá-las.

“O nosso conhecimento sobre as cavernas do Brasil é muito pequeno, a gente não conhece nem 10% do total”, explica o biólogo.

Muitas descobertas dependem de um trabalho árduo. É assim, entrando nas cavernas, que pesquisadores conseguem chegar até os segredos que a natureza guarda há centenas, milhares, milhões de anos. Um túnel do tempo, que pode revelar como já foi planeta foi um dia. Cada passagem é única, cheia de informações. E quando se pensa que tudo em uma caverna já foi visto, sempre é possível ir bem mais fundo.

Em uma delas, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram encontrados os primeiros fósseis no mundo de um macaco pré-histórico. E as descobertas não param: ossadas de animais gigantes e até um crânio humano de 11 mil anos estavam preservados em cavernas.

“Certamente o que está guardado dentro da terra, dentro da escuridão das grutas, é infinitamente mais do que já apareceu”, afirma Castor Cartelle, paleontólogo da PUC de Minas Gerais.

Para os estudiosos, além da história, a natureza pode ser ameaçada. Algumas formas de vida só existem em grutas. E menos de 5% foram pesquisadas.

“O grande problema é justamente a gente perder parte da vida que a gente nem conhece ainda”, acredita o biólogo da UFMG Xavier Proust.

Por causa das críticas, o Ministério do Meio Ambiente está revendo o decreto: adiou por 60 dias o prazo para decidir como será feita a classificação das grutas.

Quem já vê empresas se aproximarem das cavernas se preocupa.

“Se a economia se sobrepõe acima dos valores e da história e da preservação, então vale tudo”, diz Castor Cartelle.
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