Comunidades rurais dos arredores de Santarém e Belterra, no Pará, produziram coletivamente um mapa que mostra os impactos do cultivo da soja na região oeste do estado. Eles identificaram pontos de desmatamento e outras consequências ambientais desse tipo de produção, como o assoreamento e contaminação de rios por agrotóxicos, bloqueio de estradas por plantações e o desaparecimento de povoados tradicionais.
O projeto, segundo a ONG Greenpeace, que apoiou a iniciativa, mapeou ainda 121 comunidades locais, algumas das quais nunca haviam sido mapeadas.
De acordo com informações do Greenpeace, durante o mapeamento foram identificadas 29 comunidades que tiveram seu tamanho reduzido em função das plantações de soja – duas delas, inclusive, teriam desaparecido. Também foram mapeados 55 pontos de desmatamento, 4 deles em meio à floresta primária (parte mais interior da mata).
Os ribeirinhos identificaram ainda 29 nascentes e rios contaminados por agrotóxicos, com pequenas barragens ou em processo de assoreamento por causa do desmatamento de suas margens. Finalmente, os moradores apontaram 12 locais onde as plantações interromperam trilhas e estradas usadas tradicionalmente pela população local.
Além do Greenpeace, o mapeamento teve apoio do Projeto Saúde e Alegria. As ONGs treinaram moradores de 28 diferentes comunidades no uso de GPS e interpretação de imagens de satélite.
Sindicatos de trabalhadores rurais de Santarém e Belterra também integram o projeto. “As próprias comunidades produziram um relato em forma de mapa sobre a situação deles com a expansão da soja”, comenta Raquel Carvalho, engenheira agrônoma e integrante do Greenpeace.
A região foi escolhida porque o cultivo de soja tem se expandido rapidamente ali desde a inauguração do terminal graneleiro da multinacional Cargill à beira do Rio Amazonas, alvo de disputas judiciais por causa das consequências ambientais que estaria trazendo à área.