Uma reportagem que indique uma viagem a Angola é um paradoxo. O país africano, falante de português, porto de origem de grande parte dos escravos vindos da África para o Brasil, tem motivos de sobra para atrair brasileiros em busca de diversão e cultura. Ir para lá, porém, pode ser complicado.

Em outros pontos no continente africano, turistas europeus, americanos e asiáticos se surpreendem ao conhecer alguém que esteve em Angola.

São comuns os relatos sobre a impossibilidade de conseguir o visto para visitar o país.

No Brasil, o documento pode levar alguns meses para ser obtido -apesar de a embaixada afirmar que ele leva apenas dias para ficar pronto. Nos hotéis de Luanda, a maior parte dos hóspedes está a trabalho.

Mais ao sul, a Namíbia, país vizinho, oferece um paradoxo oposto. Se o país soa como um destino exótico quase desconhecido dos brasileiros, ele é, na verdade, um forte destino para europeus. Desértico, com paisagens belíssimas, soube explorar seu potencial turístico oferecendo uma infraestrutura bastante completa.

Em visita ao país, o presidente Lula gerou polêmica comentando que a capital, Windhoek, "não parecia a África".

A imagem negativa preconcebida do continente não é exclusiva do presidente brasileiro. É comum ouvir frases semelhantes ditas por turistas estrangeiros.

Angola e Namíbia merecem ser visitados. As oposições entre eles sublinham as características de cada um e escancaram os preconceitos com a África.

Números dos países

27
anos foi a duração da guerra civil em Angola, que opôs o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

4 mi
de refugiados e entre 1 milhão e 1,5 milhão de mortos é a estimativa das vítimas do conflito que começou em 1975 e terminou em 2002

1.376
km é a extensão da fronteira entre Namíbia e Angola

2 mi
de pessoas vivem na Namíbia, segundo censo da ONU em 2005

2,43
habitantes por km2 é a densidade populacional do país, a sexta menor do mundo e segunda menor da África