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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Agronegócios

Safra pode ter a pior queda em 13 anos

A menor oferta de financiamento à produção agrícola por causa da crise internacional, o recuo de preços das commodities e o clima desfavorável poderão levar a safra brasileira ao maior recuo em 13 anos, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto prevê queda de 5,9% na safra 2009 ante a safra anterior, para 137,3 milhões de toneladas. No ano passado, houve recorde histórico de 145,8 milhões de toneladas. O clima adverso também foi apontado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como causador da redução da produção, onde a entidade estima queda de 4,9% na safra nacional de grãos, saindo das 144,1 milhões de toneladas do período anterior para 137 milhões de toneladas.


Mais pessimista, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que a quebra da safra agrícola 2008/2009 ficará em torno de 10%. O cálculo foi divulgado pela presidente da entidade, Kátia Abreu, e mostra que o setor produtivo prevê uma redução ainda maior do que a calculada pela Conab e pelo IBGE. Kátia Abreu explicou que a diferença se deve ao fato de o levantamento de campo ter sido feito em meados de dezembro. "De lá para cá, houve piora no cenário agrícola por causa das adversidades climáticas, especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul", disse.

A região Sul foi a mais atingida pelo clima, de acordo com a Conab. Houve estiagem em alguns estados e excesso de chuva em outros. A queda na produção na região chegará a 4,8%, segundo a estimativa. A produção agrícola do Rio Grande do Sul, segundo a Conab, terá crescimento de 3,3%, passando de 22,63 milhões de toneladas para 23,37 milhões de toneladas.

As maiores perdas estão concentradas no Paraná. A previsão é de que o milho da primeira safra paranaense apresente quebra de 19%, caindo para 7 milhões de toneladas, o que representará 1,6 milhão de toneladas a menos que o estimado anteriormente. A produção da soja no estado deve cair 6,5%, para 11,3 milhões de toneladas, segundo a Conab.

O maior recuo de safra registrado anteriormente, em relação ao projetado para este ano, ocorreu em 1996 (-7,3%). O IBGE estima também que o principal produto agrícola nacional, a soja, vai registrar este ano a primeira redução de produção em quatro anos. Segundo o técnico da coordenação de agropecuária do IBGE, Paulo Renato Corrêa, a queda de 1,9% prevista na produção da soja em 2009, ante o ano passado, reflete os altos custos representados pelos reajustes de preços nos insumos agrícolas, a cotação pouco estimulante do produto e o clima seco em algumas importantes regiões produtoras.

Ele lembra que "a queda percentual é pequena", mas, como a produção de soja é muito elevada (58,8 milhões de toneladas previstas para este ano, cerca de 40% da safra total), o recuo corresponde a 1,1 milhão de toneladas a menos de um ano para o outro. "Provavelmente haverá uma queda de produtividade na soja, este ano os preços dos insumos, especialmente fertilizantes, subiram muito e diminuíram o nível de fertilização das lavouras", afirmou Corrêa.

Ele observou que as projeções do IBGE costumam mudar bastante entre os primeiros prognósticos - a projeção divulgada hoje é a terceira para a safra 2009, de um total de 14 a serem apresentadas até o final deste ano - e o último, e tudo dependerá do clima de agora em diante. "Tudo indica que as condições climáticas este ano não serão tão boas quanto o ano passado", adiantou.

Segundo Corrêa, as enchentes ocorridas em Santa Catarina foram o principal fator que levou a uma redução na projeção do IBGE do segundo prognóstico, relativo a novembro e que apontava uma safra de 140,2 milhões de toneladas, para o de dezembro.
"Certamente no próximo prognóstico haverá mais queda na projeção em Santa Catarina e essa estimativa de 137,3 milhões de toneladas já fica meio sob suspeita", disse ele, sinalizando que pode ocorrer uma nova revisão para baixo na projeção no mês que vem para a safra.
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