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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias | Agronegócios

Com oferta ajustada, pecuária dependerá da demanda

Com a bola de cristal, digamos assim, embaçada após o agravamento da crise financeira internacional , analistas de diversos setores da economia evitam fazer previsões para 2009, principalmente no que diz respeito a preços. Não é diferente para o mercado de boi gordo. O único ponto que parece consenso é que a demanda é que vai definir o rumo das cotações da arroba do boi este ano, apesar de a oferta ainda seguir ajustada, reflexo da mudança de ciclo de produção na pecuária de corte. Gustavo Lourenção / Valor


Se dependesse só da oferta, tendência para o boi gordo seria de preços firmes

"A demanda é que vai mandar no comportamento do mercado. A oferta continuará reduzida (...) Não fosse a crise, diria que o mercado ficaria em alta", observa Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Na antevéspera do Natal, a cotação no interior de São Paulo variava entre R$ 81,00 e R$ 82,00, segundo a Scot.

Na opinião de Tito Rosa, se a demanda por carne bovina não for afetada, os preços ficarão firmes, mas não na mesma intensidade vista em 2008. Agora, se o consumo recuar, o mercado cai junto e os investimentos para a recomposição do rebanho poderão ser interrompidos, acredita.

De fato, ainda não há sinais de queda na demanda por carne bovina no mercado doméstico - onde a renda, por enquanto, não foi afetada pela crise financeira internacional. Mas no mercado internacional o recuo é visível. O consumo já caiu e vai cair "muito mais", admitem fontes de frigoríficos exportadores de carne bovina.

De maior comprador da carne bovina brasileira, a Rússia passou a ser o maior problema para o setor exportador. Grande produtor e exportador de petróleo, o país sofre com a queda do óleo no mercado internacional e com a desvalorização do rublo. Resultado: o crédito para importação secou derrubando a demanda por carne.

Mas a Rússia não é a único entrave. Novos grandes importadores de carne brasileira, como Venezuela, Egito e Argélia, também produtores de petróleo, dão sinais de menor fôlego para comprar. " Esses países vinham importando na riqueza do petróleo", diz Paulo Molinari, da Safras.

Para piorar, afirma, a União Européia, maior comprador de cortes nobres do Brasil está em recessão, assim como os EUA - epicentro da crise financeira - que é o maior comprador de carne industrializada brasileira.

Assim, depois de registrar queda em novembro, a expectativa é de que as vendas externas de carne brasileira se retraiam ainda mais este mês, de acordo com Molinari. Nos primeiros 15 dias de dezembro, conforme informações da Abiec, os embarques de carne in natura e industrializada totalizaram 58,4 mil toneladas (equivalente-carcaça), com receita de US$ 124,2 milhões. Nos dois casos, houve recuo ante igual intervalo de 2007, de 22% e 18%, respectivamente.

Molinari, assim como exportadores ouvidos pelo Valor sob condição de anonimato, acredita que a queda dos embarques irá persistir no primeiro semestre. O ponto crucial, diz, é saber quando as medidas para reativar a economia tomadas até agora em diversos países vão começar a mudar a trajetória da demanda.

Se por aqui a demanda por carne bovina ainda segue firme - estimulada também pelas vendas de fim de ano -, ninguém descarta que o quadro mude no ano que vem. E, nesse caso, pode ocorrer uma migração para carnes mais baratas, como a de frango. Até as vésperas das festas, no entanto, a demanda forte por traseiro bovino - sustentada também pela exportação para a UE - fez o corte alcançar R$ 7,50 o quilo no atacado de São Paulo, um preço inédito, segundo a Scot. No começo do mês, a cotação estava em R$ 6,90 e um ano antes, em R$ 5,20.

Mas tudo isso já é passado, apesar de tão recente. E o horizonte, bem próximo, ainda está nublado.





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