A reforma ortográfica não mudou somente a grafia de algumas palavras. Está afetando também o tradicional mercado de livros usados. E provocando um prejuízo para os pais, nesta época do ano. 

Em uma livraria de Goiânia 5 mil livros estão encalhados no estoque. Nas lojas concorrentes, a cena se repete e o destino das obras será o mesmo. “Esses livros serão doados para entidades carentes ou até mesmo para reciclagem”, disse João Camargo, dono de livraria.

Os exemplares ficaram defasados por causa do acordo ortográfico da língua portuguesa, que entrou em vigor no primeiro dia do ano. “Tem livros que eu paguei R$ 25 e até R$ 30. Agora, não tem mais como vender”, lamentou Lincoln Eustáquio, gerente.

Os pais estão levando para casa livros novos, com um selo do acordo ortográfico, e que geralmente custam o dobro do preço.

Para muitos pais isso significou um aumento de 40% nos gastos com material escolar. Os livros que os filhos usaram no ano passado não têm mais valor. Eles sequer podem ser devolvidos às livrarias para que os pais barganhem um desconto.

A escola de Amanda não exigiu a atualização de todos os livros. Para a professora Simoni Lelis Dias, a mudança pesou menos no bolso. “Como as editoras tem o prazo até 2012, só dois livros eu tive que comprar novos”.

Amanda Dias já encontrou no livro novo algumas mudanças. “No livro do ano passado estava escrito “reescreva” tudo junto. Agora re-escreva tem o hífen separando. Eu vou tentar me acostumar. Vou escrever bastante”, falou a estudante.