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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Educação Indígena: Formação de professores nas aldeias é prioridade em MT

Em 2008, o ponto alto da Política de Educação Indígena em Mato Grosso foi a continuidade do processo de formação de professores indígenas para o Magistério Intercultural. O Projeto Haiyô, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) está formando 300 professores indígenas, de 31 etnias do Estado. Este ano, foram realizadas a IV etapa presencial e a primeira etapa intermediária do projeto, iniciado em 2005 e que tem a conclusão prevista para 2010.


De acordo com a gerente de Educação Escolar Indígena (GEEI) da Seduc, Letícia Antônia de Queiroz, os professores estão sendo habilitados em nível de 2º grau, para a docência nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A formação é em serviço, isto é, esses professores já estão em sala de aula. O Haiyô foi formulado de maneira a respeitar as especificidades das diferentes etnias, o tempo de contato de cada uma com a chamada população branca e a situação específica de cada um dos professores indígenas.

O projeto é uma parceria da Seduc com o MEC, Funai, Funasa e o Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEI). Haiyô é uma palavra do povo Nambikwara, que tanto pode significar “bom”, como “muito bom” ou “quero aprender”. Em função do número de alunos, o projeto é dividido em cinco pólos: Juína, Canarana, Campinápolis e dois pólos do Xingu (Alto e Médio).

Letícia informa que a próxima etapa presencial do projeto deve ocorrer em janeiro. As etapas presenciais ocorrem sempre no período das férias escolares.

A GEEI também investiu este ano na formatação das diretrizes curriculares das escolas indígenas. Em setembro, a Seduc reuniu os gestores destas escolas para garantir a formulação de um documento com caráter intercultural, que respeite as especificidades das diferentes etnias. Estiveram presentes, além dos diretores, os presidentes do Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar e membros do CEEI.

Mato Grosso está se preparando também para o Ensino Médio Integrado (EMI) nas escolas indígenas. Esta modalidade alia a formação geral do estudante (propedêutico) com a formação técnica (profissionalização). A partir de 2009, começa em cinco Escolas Estaduais Indígenas (EEI) o processo de formação de professores para atuar nesta área. São estas: EEI “Myhyinymykytia Skiripi”, em Brasnorte (Técnico em Meio Ambiente); EEI “Adeca Vela Arara”, em Aripuanã (Técnico em Agro-Ecologia); EEI “Elio Turi Rondon Terena”, em Peixoto de Azevedo (Técnico em Enfermagem) e EEI “Malamalali”, em Tangará da Serra (Magistério).

Para que o EMI possa ser oferecido nas escolas indígenas, ainda falta a realização de um processo de adequação das mesmas, o que inclui, por exemplo, a instalação de laboratórios.

Outra ação empreendida pela GEEI durante o ano foi a continuidade do processo de revitalização da língua do povo Arara do Rio Branco, de Aripuanã. Este povo, devido a conflitos fundiários, viveu afastado de suas terras durante muitos anos, só retornando ao local de origem em 2002. Nesse processo, a tribo teve muitas perdas de identidade, inclusive da linguagem. Hoje, os cerca de 300 remanescentes do povo Arara só falam português.

A recuperação da língua está sendo buscada num trabalho financiado pela Seduc, que envolve a presença do professor doutor Wilmar da Rocha D’Angelis, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. No ano que vem, está prevista a realização de uma oficina para a publicação do primeiro material didático da língua materna do povo Arara.

EDUCAÇÃO INDÍGENA TERÁ 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL

2009 será um ano importante para a Educação Escolar Indígena no país. Em setembro, em Brasília, será realizada a primeira Conferência Nacional sobre o tema, a I Coneei. Devem ser realizadas 18 Conferências Regionais antecedendo o evento nacional. Mato Grosso sediará duas destas conferências. A primeira será nos dias 25 a 27 de março, no Parque Indígena do Xingu, reunindo 14 diferentes etnias. A segunda será em Cuiabá, de 4 a 6 de maio, com representantes de 28 etnias. Estas conferências serão, por sua vez, precedidas de etapas nas comunidades educativas. Em Mato Grosso existem cerca de 200 escolas indígenas, sendo 55 da Rede Estadual.

Em 2008, a Gerência de Educação Escolar Indígena da Seduc participou das discussões para a implantação do ensino da história e cultura indígena nas escolas. Em abril, um evento em Cuiabá, coordenado pelo MEC, reuniu educadores do Centro-Oeste para debater o tema. Esta conquista foi possível com a sanção, pela Presidência da República, da Lei 11.645, de 10/03/2008.
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