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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Absorver mudança ortográfica não será difícil, diz linguista

De acordo com o Ministério da Educação, só 0,5% do vocabulário brasileiro será alterado com o novo Acordo, que entrou em vigor nesta quinta-feira no país. Em Portugal e nos países que adotam a sua grafia --Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe--, a reforma será maior: abrange 1,5% das palavras usadas. Por isso, quando começar a valer, o Acordo --que ainda não foi regulamentado em Portugal-- terá um período de cinco anos de transição.


"Se você observar o comportamento das pessoas hoje, você vai ver que elas nem usam mais boa parte dessas coisas que vão desaparecer", afirma. Faraco cita como exemplo o uso do trema. "Se analisarmos textos escritos por aí afora, vamos ver que raramente ele [o trema] aparece", diz.

Norberto Lourenço Nogueira Junior, professor de português de ensino médio, complementa, comparando a reforma atual com a última, da década de 70: "A adaptação vai ser mais fácil. Na de 1971, houve muito mais mudanças".

Ele acredita que a mudança na forma como o hífen é utilizado gerará muitas dúvidas. "O jeito é comprar um dicionário novo e conferir sempre como a palavra ficou."

De acordo com Faraco, unificando a ortografia, os brasileiros terão uma preocupação a menos. "Se você for à esquina agora e comprar um romance do [José] Saramago, você vai ver que ele está escrito na grafia lusitana. Nós aceitamos isso. Quando um brasileiro vai fazer pós-graduação em Portugal, ele tem que produzir a sua tese de acordo com a ortografia lusitana. Os portugueses são inflexíveis", afirma.

Sobre as críticas de que o Acordo não unifica a língua portuguesa, pois existem palavras com significados diferentes nos países lusófonos --"putos" em Portugal, por exemplo, significa rapazes--, José Carlos de Azeredo, doutor em letras e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, afirma que isso não é argumento.

"O Acordo diz respeito à ortografia, não ao vocabulário de cada país", diz ele.
Para Azeredo, "é impossível unificar o vocabulário".

"Não dá para fazer isso nem dentro de um só país. A palavra "farol" no Rio de Janeiro, por exemplo, é usada apenas para designar o farol do carro. Já em outros Estados do mesmo país, tem outros sentidos", afirma.

Para ele, "quem está reclamando disso não entende nada sobre o assunto, porque isso não é argumento".

E ainda acrescenta: "Teremos quatro anos para consolidar essa nova ortografia. Ninguém é obrigado a mudar a sua maneira de escrever, mas não adianta ser contra as mudanças, pois estamos sujeitos à lei".
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