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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Conflito leva fornecimento de gás russo à Europa a parar totalmente

A "guerra do gás" entre Rússia e Ucrânia paralisou hoje totalmente o abastecimento da Europa, enquanto Moscou e Kiev se acusavam mutuamente e apelam à União Européia (UE).


A empresa ucraniana Naftogaz foi a primeira a denunciar que a companhia russa Gazprom interrompeu totalmente o fornecimento de gás para a Ucrânia para seu transporte rumo à Europa.

"Às 07h44 (3h44, horário de Brasília) foi suspenso totalmente o fornecimento de gás através da última estação de bombeamento para a Ucrânia, Sudzha", declarou o porta-voz da Naftogaz, Valentín Zemlianski.

Ao não receber combustível da Rússia, a Naftogaz se vê "obrigada a interromper totalmente o fornecimento de gás à Europa", disse o funcionário, que acrescentou que a "Gazprom deve esclarecer esta situação com a Europa", diz a agência "Unian".

O conflito do gás entre Moscou e Kiev levou ontem ao corte total do fornecimento da Ucrânia para Hungria, Macedônia, Croácia, Bulgária, Turquia e Grécia, aos quais hoje se juntaram Romênia, Áustria, República Tcheca e Eslováquia, entre outros.

A Presidência tcheca da União Européia pediu à Rússia e à Ucrânia que retomem amanhã o fornecimento de gás para a UE e advertiu que, em caso contrário, serão tomadas "medidas mais severas".

Por outro lado, a Gazprom denunciou que foi a Ucrânia que hoje cortou totalmente o transporte de gás russo após ter fechado ontem três de seus quatro gasodutos.

"A Ucrânia fechou o último gasoduto, o quarto, por meio do qual o gás russo era fornecido à Europa", declarou de Berlim à imprensa russa o vice-presidente da Gazprom, Aleksandr Medvedev.

Estas palavras foram desmentidas em Kiev pelo presidente da Naftogaz, Oleg Dubina, que disse que "fechar a torneira só é possível do lado russo. A Ucrânia fisicamente não pode fechá-la e não permitir a entrada de gás russo".

Dubina afirmou que Moscou suspendeu o fornecimento sem avisar Kiev, e a Naftogaz se viu obrigada a colocar seus gasodutos em "regime autônomo de funcionamento" e usá-los apenas para levar o gás próprio dos depósitos para os consumidores ucranianos.

A Gazprom cortou o fornecimento de gás para a Ucrânia no dia primeiro de janeiro após não alcançar um acordo com a Naftogaz sobre seu preço em 2009 e a tarifa de passagem por território ucraniano, mas prosseguiu fornecendo gás para a Europa enquanto acusava a Naftogaz de "roubar" combustível.

O presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, pediu hoje a seu colega russo, Dmitri Medvedev, que retome urgentemente o fornecimento de gás para a Europa e garantiu seu trânsito ininterrupto.

"Considero necessário que antes que terminem as negociações se restabeleça o tráfego diário operacional de combustíveis até os estados da Europa nos volumes e destinos que eram aplicados no dia 31 de dezembro de 2008", disse em sua mensagem.

Yushchenko qualificou de "extremamente perigosa" a situação na Europa e pediu que Medvedev "renuncie as limitações para o fornecimento para consumidores europeus".

O líder ucraniano disse que seu país não desvia nem consome o gás russo destinado à Europa, mas, por outro lado, faz todo o possível para garantir seu trânsito.

Além disso, propôs iniciar sem demora negociações para estabelecer "um procedimento transparente e previsível de fornecimento de gás russo para os consumidores europeus".

Em outra carta, enviada ao presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, Yushchenko pediu que sejam "empregadas todas as possibilidades da União Européia para apoiar" o início de negociações com Moscou e que sejam enviados observadores à Ucrânia para conhecerem a situação na área.

A porta-voz do Kremlin, Natalia Timakova, respondeu que a "Ucrânia deve encerrar a subtração ilegal de gás russo destinado aos consumidores europeus e retomar urgentemente seu trânsito", enquanto confirmou a disposição de Moscou de retomar o diálogo.

"Em vez de escrever cartas, deveriam trabalhar e garantir o trânsito do gás russo", declarou por sua vez o presidente da Gazprom, Alexei Miller, informa a agência "Itar-Tass".

O empresário disse que a Gazprom fornece à Europa, através da Ucrânia, os volumes solicitados de gás menos a quantidade desviada pela Naftogaz, que deverá repor a companhia ucraniana.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou ontem que a Ucrânia "rouba" o gás dos consumidores europeus e não a Rússia.

Enquanto isto, o presidente da Naftogaz confirmou que visitará na quinta Moscou para retomar as negociações com Miller sobre o conflito do gás e os contratos para 2009.

Através da Ucrânia passa 80% do gás que a Gazprom vende para a Europa, enquanto o restante transita por território bielo-russo.
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