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Sábado, 20 de abril de 2024

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Estudante 'viaja' duas horas para estudar em escola pública boa de SP

A estudante Rayra Bertoldo, 16, acorda todo dia às 4h30 da manhã para conseguir chegar na escola às 7h. “Tenho que pegar dois ônibus, que levam duas horas. O ensino aqui vale a pena todo esse esforço”, afirma a aluna do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Rui Bloem.


Depois das aulas no período da manhã, ela ainda trabalha numa loja em um shopping das 15h às 22h. "Só volto para casa para dormir, mas não trocaria por uma escola mais perto de casa por nada", conta a estudante no bairro do Alvarenga, "bem depois de Interlagos".

Com fama de ser rigorosa pelos alunos, às vezes até demais, a escola atingiu 3,71 no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), indicador criado pela Secretaria Estadual de Educação que varia numa escala de 0 a 10.

Localizada em Mirandópolis, bairro de classe média da Zona Sul de São Paulo, a escola oferece apenas turmas do três anos do ensino médio (antigo colegial). Pelo segundo ano consecutivo, manteve a posição de melhor escola pública estadual da capital paulista, segundo o ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Para entrar na escola, é preciso estar com o uniforme completo. Até mesmo se o aluno estiver com uma camiseta diferente por baixo do agasalho do uniforme, ele é barrado na porta”, diz o estudante Natan Torrecillas, 16 anos, do segundo ano. 

“Além do uniforme, também só podemos entrar com uma carteirinha. Pessoas de outras escolas acham isso exagerado, mas não concordo”, afirma o estudante do segundo ano Iago Zonetti, 16 anos. “Essa disciplina toda reflete na nossa dedicação nos estudos. Há uma pressão e uma cobrança muito grandes por estarmos nessa escola.” Há um plantão de dúvidas fora do horário de aula.


Os resultados positivos ajudam a escola a conseguir firmar parceiras com outras instituições. “Tem também um convênio com um cursinho pré-vestibular e basta apresentarmos a nossa carteirinha para consultar os professores deles no plantão de dúvidas. Isso acaba sendo muito importante porque serve de estímulo para irmos em frente e prestar vestibular”, afirma Iago.

A escola também tem uma parceria com uma faculdade de engenharia para que os estudantes possam conhecer o campus. “Os nossos professores dizem que não estamos mais competindo com outras escolas públicas, mas com as particulares”, conta Rayra.

Na outra ponta
Por outro lado, a Escola Professor Renato de Arruda Penteado enfrenta uma outra realidade bem diferente. Localizada na Vila Brasilândia, na periferia da zona norte de São Paulo, o ensino médio da escola obteve 0,40 no Idesp, o pior desempenho na capital.

Segundo professores, a infra-estrutura da escola é precária e falta até água no banheiro. “A biblioteca só tem livros didáticos e nenhum de pesquisa”, diz uma professora de história que pediu para não ser identificada. "Na semana passada, eu queria pedir um trabalho aos alunos, mas, como sei que não conseguiriam ir até uma biblioteca ou consultar a internet, preferi levá-los durante a aula na biblioteca, mas não deu certo. Não havia material apropriado”, diz.

Segundo ela, a escola deveria ter passado por uma reforma no início de 2008, mas nada foi feito. “Uma parte inteira que é antiga seria derrubada para dar lugar a um prédio novo. Cheguei a participar da comissão que analisou o projeto da reforma, mas isso não saiu do papel.”

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Educação negou que haja necessidade de reforma na escola e que houvesse um projeto de obra no local. A secretaria não autorizou a entrada da reportagem na escola nem a entrevista com a direção da escola.

A Escola Estadual Amadeu Amaral, no Largo do Belém, na Zona Leste de São Paulo, que ganhou fama no final do ano passado depois de ter carteiras e mesas depredadas pelos próprios estudantes, teve o pior Idesp de 5ª a 8ª séries: alcançou apenas 0,93 numa escala que vai até 10. Alunos e pais afirmam, porém, que a situação está melhor.

“A escola agora tem ronda policial, coisa que não tinha antes”, conta a estudante Mariaa Aparecida da Silva, 17 anos, aluna do primeiro ano do ensino médio. “Sempre faltava professor, mas isso tem acontecido menos neste ano [as aulas tiveram início em 16 de fevereiro]”

Tatiane Santos, 14 anos, que nesta sexta-feira (20) à tarde foi encontrar uma amiga na porta da escola, conta que estudou na Amadeu Amaral até o ano passado. “Saí porque a minha mãe ficou com medo depois do que aconteceu”, diz, referindo-se ao caso de violência.

“Acho até que o almoço está melhor. Pintaram as salas também”, conta Samanta Vasconcelos, 16 anos, do segundo ano do ensino médio.
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