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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Produtores de Rondonópolis querem apoio do governo para enfrentar a crise

O clima é de incerteza nas lavouras de soja e algodão de Rondonópolis. Essa situação nada tem a ver com prognósticos sobre eventuais estiagens prolongadas ou chuvas acima da média no município.

Foto: Reprodução

Produtores de Rondonópolis querem apoio do governo para enfrentar a crise
O clima é de incerteza nas lavouras de soja e algodão de Rondonópolis. Essa situação nada tem a ver com prognósticos sobre eventuais estiagens prolongadas ou chuvas acima da média nesse município do sudeste de Mato Grosso, a 215 quilômetros de Cuiabá. As dúvidas dos produtores agrícolas foram semeadas pela crise financeira que contaminou o mundo tal qual as pragas que castigam as plantações. Diante do cenário adverso, os agricultores esperam contar com o apoio do governo para superar o maior problema enfrentado por eles no momento: a escassez de crédito.


Um dos eldorados da agricultura brasileira, Rondonópolis viu a crise secar sua principal fonte de financiamento de custeio do plantio: as tradings. Essas multinacionais compravam a produção antecipadamente via empréstimos ou fornecimento de insumos. Até a última safra, elas respondiam por 70% das concessões de crédito agrícola no município. A partir do segundo semestre do ano passado, com o abalo sofrido pelo mercado financeiro mundial, cujo epicentro foi o setor imobiliário dos Estados Unidos, as tradings reduziram significativamente suas operações na cidade.

Com a nova conjuntura econômica, os produtores rurais do município esperam que o governo federal assuma o papel desempenhado pelas tradings nas últimas safras. Só assim, argumentam, Rondonópolis poderá manter os mesmo índices de produção e produtividade que a fizeram receber o título de capital nacional do agronegócio nos anos 90, quando o setor ganhou musculatura no país, passou a crescer a taxas expressivas. Para tanto, reivindicam aumentam nos limites das linhas de crédito oferecidas pelo governo por meio do Plano Agrícola e Pecuário.

Para o diretor da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e ex-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Rondonópolis, Ricardo Tomczyk, “a participação do governo é extremamente importante na substituição desse crédito”. O diferencial das tradings, assinalou, eram os grandes financiadores e a alta eficiência na hora de receber a produção, porque têm armazéns próprios. Isso, acrescentou, praticamente zerava a inadimplência, problema sistêmico na região em decorrência das quebras de safra a partir de 2004.

Depois da tentativa frustrada de algumas associações rurais, no fim do ano passado, de pressionar o governo para que liberasse recursos para as tradings continuassem financiando a agricultura em Rondonópolis, Tomczyk avalia que o ideal agora é o oferecimento de crédito direto aos produtores. No entanto, assinalou, é necessário que o governo faça algumas mudanças no crédito oficial para que o dinheiro possa chegar também aos grandes agricultores, donos de mais da metade das terras da região e responsáveis por boa parte da produção.

“O ideal é adequar os limites e a análise de risco do produtor diante desse cenário de crise e da importância de manter a produção para a balança comercial do país”, disse Tomczyk. De acordo com ele, o governo precisa liberar recursos diretamente ao produtor, em quantidade suficiente e na hora do plantio, para suprir a saída das tradings do mercado agrícola. Com isso, os agricultores de Rondonópolis terão condições de comprar os insumos para as lavouras com o menor custo possível.

Na última safra, lembrou o diretor da Abrapa, o crédito liberado pelos bancos públicos representou apenas 10% do total de financiamento agrícola contraído no sistema financeiro. A média nacional, de acordo com levantamentos do governo e de entidades do setor, é de cerca de 35%. Sem a mudança nas regras de limites e avaliação de risco, reforçam os produtores de Rondonópolis, pouco adianta o aumento dos recursos para financiar a safra 2009/2010. “O ideal seria uma adaptação rápida do sistema de concessão de crédito oficial em qualidade e quantidade”, enfatizou Tomczyk.

Até o momento, os bancos públicos não se adaptaram à rapidez das tomadas de decisão na agricultura, principalmente em momentos de crise. Alguns recursos liberados no ano passado pelo Banco Central, por exemplo, ainda não chegaram aos produtores. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, discutiram a lentidão dos bancos na liberação do crédito rural. Stephanes antecipou também que os recursos para o financiamento da próxima safra podem subir de R$ 78 bilhões para até R$ 100 bilhões.
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