O Conselho Nacional da Resistência do Irã --considerado o braço político do PMOI (Organização Popular dos Mujahedin do Irã)-- criticou o plano do governo do Iraque de fechar um campo que atende a refugiados que lutaram contra o regime islâmico do Irã. O PMOI é visto como uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

"A situação é muito tensa e sabemos que muitas pessoas podem ficar feridas pela brutalidade do regime iraniano", disse à agência de notícias Efe o porta-voz do conselho, Mehdi Marand.

Os planos de fechar o campo de Ashraf, localizado perto da fronteira entre os dois países, foram anunciados ontem, pelo titular do Conselho Nacional de Segurança do Iraque, Muwafat al Rubaie. Caso o local seja realmente fechado, aproximadamente 3.500 militantes do PMOI ficarão sem abrigo.

Rubaie anunciou que se os ativistas não saírem do país voluntariamente serão levados para outros lugares longe da fronteira com o Irã. "Eles eram terroristas estrangeiros vivendo ilegalmente no Iraque", afirmou o alto funcionário iraquiano.

O PMOI, fundado em 1965, combateu o regime do xá Mohammad Reza Pahlevi, e se uniu à revolução islâmica que triunfou em 1979 no Irã, embora, posteriormente, tenha voltado a pegar em armas contra o regime que se instalou no país.

Durante a guerra entre o Iraque e o Irã (1980-1988), o PMOI apoiou o regime do ditador Saddam Hussein (1979-2003), mas, no início dos anos 90, deixou de operar militarmente contra o governo iraniano.

O campo de Ashraf, situado ao norte de Bagdá (capital do Iraque), a cerca de 80 quilômetros da fronteira com o Irã, passou a ser administrado pelos EUA após a invasão militar de 2003 e, no início deste ano, foi entregue aos cuidados das autoridades iraquianas.

O porta-voz do Conselho Nacional de Resistência do Irã afirmou que a decisão das autoridades iraquianas de acabar com o campo atende a uma exigência do regime iraniano e vai contra as leis internacionais que protegem os refugiados.