Uma vitória que valeu por muitas. Com um gol marcado por Conca aos 45 minutos do segundo tempo (assista ao lance no vídeo ao lado), o Fluminense, que tinha um jogador a menos desde os 30, superou o Botafogo por 2 a 1, de virada, neste sábado, no Maracanã, e garantiu vaga antecipada nas semifinais da Taça Rio, segundo turno do Campeonato Carioca. Além disso, o Tricolor colocou fim a uma sequência de 11 clássicos sem vitórias, além de um ano e meio sem um triunfo sequer sobre o Alvinegro.
O último resultado positivo acontecera no dia 23 de setembro de 2007, quando o time das Laranjeiras venceu por 2 a 0 em partida válida pelo segundo turno do Brasileirão daquele ano. Depois disso, foram sete partidas, com quatro vitórias do Botafogo - incluindo as semifinais da Taça Guanabara de 2008 e 2009, e a decisão da Taça Rio de 2008 - e três empates.
Com o resultado, o Fluminense chegou aos 18 pontos no Grupo A, ao lado do Vasco, ambos com 100% de aproveitamento, mas o time da Colina é líder por ter melhor saldo de gols (12 contra nove). Já o Botafogo, permanece com dez pontos no Grupo B, três a menos que o líder Flamengo. O time só está na zona de classificação graças à derrota do Bangu diante do Duque de Caxias, mas tem a sua vaga ameaçada não apenas pela equipe de Moça Bonita, mas também pelo Macaé, que superou o Cabofriente. Ambos também têm dez pontos, mas pior saldo de gols: o Alvinegro tem cinco, o Macaé (3º), três, e o Bangu (4º), zero.
Botafogo e Fluminense voltam a campo na próxima quinta-feira, pela sétima e penúltima rodada da Taça Rio. O Tricolor cumpre tabela contra o Boavista, às 21h50m, no Maracanã, mas está de olho na liderança da chave. Campeão da Taça Guanabara, o Botafogo recebe o Madureira às 21h50m, no Engenhão, precisando vencer para manter o sonho do técnico Ney Franco: conquistar também o returno e ficar com o título estadual de 2009 sem a necessidade das finais.
A partida começou às 20h30m, no momento exato que dezenas de países, inclusive o Brasil, aderiram à "Hora do Planeta" e apagaram suas luzes em protesto contra o aquecimento global. Os refletores do Maracanã estavam acesos, mas dentro de campo, o clássico não teve brilho. Com muita chuva e pouco público, Fluminense e Botafogo mostraram pouca técnica no primeiro tempo.
Na arquibancada, a torcida tricolor era maioria, com pelo menos o dobro de público em relação à alvinegra. E foi o Fluminense que teve as melhores oportunidades nos primeiros 45 minutos. Mesmo marcado individualmente, Thiago Neves foi o jogador mais perigoso, levando perigo a Renan em duas oportunidades. Aos 26 minutos, cobrou uma falta que obrigou o goleiro a fazer grande defesa. Aos 33, assustou num chute de fora da área que passou perto do travessão.
O Botafogo, que entrou em campo com Maicosuel fazendo dupla de ataque com Reinaldo, sentiu a falta exatamente do seu camisa 10 como homem de ligação. O Alvinegro insistia nas jogadas centralizadas, facilitando a marcação adversária. O volante Thiaguinho, improvisado na lateral esquerda, era a opção mais utilizada, mas poucas vezes ia ao fundo. O maior mérito da equipe foi conseguir montar uma defesa sólida, formada pelos três zagueiros e três volantes escalados, mas que pouco produziu em termos ofensivos.
Técnicos mexem e acertam, mas Tricolor se supera
Insatisfeito com o comportamento da equipe, Ney Franco promoveu duas mudanças no intervalo, montando o Botafogo com a formação que disputou grande parte dos jogos do Carioca. Gabriel substituiu Léo Silva e foi para a lateral, liberando Thiaguinho para o meio-campo, e Diego entrou para atuar ao lado de Reinaldo, com Maicosuel fazendo o papel de homem de criação.
As alterações tiveram efeito imediato. O novo posicionamento fez Maicosuel crescer na partida, tornando-se o homem mais perigoso do Botafogo, que ganhou em poder ofensivo. Até os 15 minutos o camisa 10 teve pelo menos duas boas oportunidades de abrir o placar.
Mesmo acuado, o Fluminense continuava buscando o ataque, mas abusando dos toques laterais, sem objetividade. O Botafogo esperava um erro tricolor para sair nos contra-ataques e pegar a defesa adversária desprevenida. Insatisfeito com o setor ofensivo, Carlos Alberto Parreira decidiu, aos 23 minutos, mudar a dupla de ataque, entraram os garotos Maicon e Alan. Mas menos de um minuto depois, o Alvinegro teve um pênalti a seu favor quando Maicosuel derrubou Leandro na área. O próprio camisa 10 cobrou, com direito a paradinha, abrindo o placar aos 26 minutos (assista ao lance no vídeo ao lado).
Mas o mau momento do Fluminense não havia parado por aí. Aos 30, foi a vez de Edcarlos ser expulso, depois de cometer falta em Thiaguinho. O zagueiro deixou o campo vaiado por sua própria torcida, mas discretamente aplaudido por Parreira à beira do campo. Na cobrança, Juninho mandou uma bomba, e Fernando Henrique defendeu com o pé.
Mesmo em desvantagem numérica, o Fluminense continuou a tentar igualar o placar e, se aproveitando da juventude de seu ataque, chegou ao empate aos 34 minutos, depois que Alan recebeu a bola de costas para o gol, girou e chutou forte, fazendo 1 a 1 (assista ao lance no vídeo ao lado).
A torcida tricolor acordou e passou apoiar a equipe, que neste momento não parecia ter um jogador a menos. Do outro lado, o Botafogo continuava a atacar, mesmo que de forma menos organizada, com pouca objetividade. O Fluminense levava perigo, deixando inquieto até mesmo o normalmente tranquilo Carlos Alberto Parreira.
E quando parecia que o clássico terminaria em empate, o Fluminense garantiu o gol da vitória. Conca, em cobrança de falta que não aconteceu, chutou com força no canto direito de Renan, garantindo a vitória tricolor aos 45 minutos e a classificação antecipada para as semifinais da Taça Rio. Quatro minutos depois, Alessando ainda recebeu cartão vermelho por agressão a Fabinho, do Tricolor. Agora resta ao Botafogo vencer seus dois últimos jogos (contra Madureira e Resende) e torcer ou por tropeços de Bangu e Macaé ou que os adversário diretos não o superem no saldo de gols.