O Ministério Público Eleitoral descarta por enquanto propor uma representação específica para apurar as suspeitas de irregularidades nas doações feitas pela construtora Camargo Corrêa a partidos políticos. A construtora é alvo da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que investiga suspeitas de crimes financeiros e resultou na prisão de quatro executivos e duas secretárias da empresa.
Apesar da divulgação de conversas envolvendo diretores da empreiteira que indicam repasses "por fora" a partidos nas eleições do ano passado, a procuradoria eleitoral vai aguardar que a PF repasse os documentos e as escutas telefônicas que levantam tais suspeitas antes de fazer alguma denúncia à Justiça Eleitoral.
De acordo com o Ministério Público, só com os dados coletados durante a investigação será possível determinar se há realmente indícios de irregularidades nessas doações. A PF ainda realiza a análise do material apreendido na última quarta-feira (25), quando a operação foi deflagrada e não há previsão de quando essas informações serão repassadas.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, a empreiteira afirma ter doado R$ 23,9 milhões a partidos políticos nas eleições de 2008.
A PF afirma que as doações a partidos não são o foco das investigações. Segundo a polícia, o tema financiamento de campanha surgiu no decorrer da operação, que apura crimes financeiros, como evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Relatórios da PF citam doações da Camargo Corrêa ao PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT, PMDB e PP. Segundo o "Jornal Nacional", apesar de não ter sido incluído no relatório final, um e-mail interceptado pelos investigadores também aponta doações ao PT, PTB e PV. Os partidos negam caixa dois.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é apontada na investigação como intermediária das doações da empresa a políticos. A entidade nega as suspeitas.
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