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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Órgão americano de saúde lança guia da crise econômica

A crise financeira tornou-se questão de saúde pública nos Estados Unidos. A Administração dos Serviços de Saúde Mental e Abuso de Substâncias (Samhsa, na sigla em inglês) --responsável por guias para vítimas de catástrofes naturais como o Katrina, furacão que matou 1.800 em Nova Orleans-- publicou um manual on-line para que o público identifique sinais de doenças relacionadas ao estresse decorrente da crise.


Segundo o texto, incertezas econômicas como ameaça de desemprego e perdas financeiras trazem o risco de depressão, ansiedade, abuso de drogas e comportamentos compulsivos, como comer e jogar em excesso. Em última instância, podem levar a sentimentos como humilhação e desespero e precipitar pensamentos suicidas.

"Antes, entendíamos que o adoecimento era resultado apenas de uma tendência do paciente. Mas hoje a realidade está adoecendo o homem", afirma o psiquiatra José Toufic Thomé, coordenador técnico sobre intervenções em situações de crise da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Quando o homem vive uma situação de um perigo, suas glândulas suprarrenais liberam o hormônio cortisol e isso está dentro da normalidade. Já viver continuamente nessa situação não é normal.

"O organismo não para de liberar o hormônio, que diminui a recaptação de serotonina no cérebro. Esse estresse promove a morte de neurônios no hipocampo [área relacionada à memória recente]", diz Thomé.

Simultaneamente, a insegurança econômica leva ao medo. "Desenvolvemos então fantasias de ameaças de perda, ligadas à morte, ao luto. Perdemos nossa produção, nossa economia e até nossa identidade."

Situações de estresse como erupções vulcânicas, terremotos, guerras, finais de campeonatos e crises econômicas também aumentam riscos de infarto, diz o cardiologista Ari Timerman, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

O estresse desencadeia a produção de adrenalina, o que leva a lesões vasos sanguíneos. "Placas de gordura podem se romper e seus elementos podem formar um coágulo que fecha a artéria", explica Timerman. "E pessoas que estão sob estresse tendem a fumar e beber mais e alimentar-se inadequadamente, que são fatores de risco."

No tubo digestivo, o estresse pode exacerbar doenças orgânicas já existentes, como gastrite. Mas também leva a doenças funcionais, como a gastrite nervosa e a síndrome do intestino irritado. "Elas são como uma vela. Se você estiver tranquilo, suportará aproximar o dedo em 5 cm. Se estiver estressado, 20 cm bastarão para incomodar", diz o gastroenterologista Ricardo Barbuti, secretário-geral da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

O estressado também tende a mudar seu hábito alimentar, ganhar peso e ter refluxos, problemas hepáticos e diabetes. "E, desempregado, poderá não comprar medicamentos mais caros", diz Barbuti.
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