O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse nesta quinta-feira que a reunião da Cúpula das Américas, na próxima semana, em Trinidad e Tobago, será uma oportunidade de diálogo direto entre os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Venezuela, Hugo Chávez.

Amorim ressaltou, no entanto, que o avanço no diálogo entre os dois países vai depender de um "crédito de confiança" de ambas as partes, para que os problemas do passado sejam deixados de lado.

"Acho que é preciso haver um crédito de confiança recíproco, para que as cicatrizes do passado não continuem a ser um empecilho para um entendimento no futuro. Acho que uma melhor relação está mais próxima", afirmou Amorim, depois de participar de aula do 6º curso para diplomatas sul americanos.

Celso Amorim frisou que espera um diálogo franco entre Chávez e Obama e avaliou que a relação deve melhorar aos poucos. Ele lembrou que o presidente Lula vem atuando para que a relação entre os países melhores, mas respeitando a especificidade de cada um.

"Interlocução não combina com intermediação. Procuramos ajudar para que haja um diálogo direto", comentou.

O chanceler disse ter certeza que Obama vai inovar na relação com a América Latina e o Caribe, mas que o grande teste para novo governo americano será em relação a Cuba. Amorim acrescentou que, por mais que haja outros temas, é inevitável que a falta de diálogo direto entre os dois países seja alvo de todas as atenções.

O ministro destacou que é necessário que os Eua mude o histórico discurso de imposição de ideias aos demais países da América. Ele lembrou que cada país tem características próprias, e que devem ser respeitadas.

"Falei isso para a secretária de Estado [Hillary Clinton]. Os EUA podem ter, por exemplo, o melhor programa de erradicação da pobreza. Mas não dá para impor, cada país tem sua característica", completou.