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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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ENTREVISTA

Paulo Prado defende união no combate ao crime organizado

Apaixonado pelo que faz e sem nenhum pretensão de deixar o cargo tão cedo, o procurador Paulo Prado está há 20 anos no Ministério Público Estadual. Deixou recentemente o cargo de Procurador Geral de Justiça, o qual acumulou dois mandatos, e assume agora a coordenação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAeco), além da procuradoria da Infância e Juventude.


Com um discurso duro contra a corrupção, ele defende que o povo brasileiro precisa escolher melhor na hora do voto e as unidades se unirem no combate ao crime organizado. “O país não tem mais espaço para o coorporativismo retrógado. O crime é unido e nós unidades temos que ser unidas também”, declarou em entrevista ao Olhar Direto.

Prado fala ainda sobre o novo desafio no Gaeco e assuntos como Máfia do Combustível e jogo bicho.

Confira a entrevista com o procurador Paulo Prado:

OD - Quais são as prioridades no Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco)?

Prado -
Primeiro lugar, o Gaeco estava ocupado pela doutora Eliana Maranhão e doutor Célio, Joelson Maciel, pessoas que eu nomeie, competentíssimas, que eu quero dar continuidade ao trabalho que eles vinham desenvolvendo e eles só saíram porque cumpriram com o mandato deles. A Eliana vai a procuradora Geral Adjunta, o braço direito do doutor Marcelo Ferra (Procurador Geral de Justiça), os doutores Célio e Joelson cumpriram os dois anos e vão fazer parte do Núcleo de Execução penais, que é uma área importante do Ministério Público e também é uma área que tem relação com informações do crime organizado, porque tem muita gente de dentro dos presídios comandando facções. Então são duas pessoas preparadas, com experiência, que cumpriram seus mandatos de forma excelente e agora vão fortalecer junto com o dr. Rubens.

OD – Além do senhor, quem mai ocupa o Gaeco?

Prado –
Sérgio Silva de Rondonópolis e o Marcelo (Ferra) me adiantou que o segundo deverá ser o Arnaldo Justino da Silva de Barra do Garças. Duas pessoas excelentes e estudiosas que vão somar junto.

OD – Porque a escolha por promotores do interior?

Prado –
O Sérgio Silva apesar de ser de Rondonópolis, tem a mesma classificação que Cuiabá, então não posso falar que é interior. Rondonópolis tem a mesma entrância especial igual Cuiabá e Várzea Grande. Agora porque os demais da capital não se inscreveram, então o Marcelo Ferra reabriu e colegas de terceiras tem a preferência e desses o Arnaldo é o mais antigo e tudo indica que o procurador geral deve baixar portaria nomeando para ocupar a segunda vaga do Gaeco.

OD – Qual é a maior preocupação?

Prado –
É dentro do trabalho que vinha sendo realizado, fortalecer a aera técnico-científico. Trabalhar com provas fortes, valorizar provas, valorizar a informação e valorizar a investigação e fazer o que os colegas estavam fazendo, buscar a união entre Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Abin, Polícia Federal, Exército... Toda a área que trabalha com o crime organizado estar unida, coesa, compacta para enfrentar as garras do segmento do crime em Mato Grosso.

OD – Quais serão as novidades?

Prado –
Os colegas participaram de vários cursos. Os profissionais do Ministério Público e da polícia fizeram vários cursos e treinamentos. Aparelhagens foram adquiridas, mas não posso falar o crime não saber o que é. Então, essa valorização técnica-científica foi o norte da minha administração e o Marcelo (Ferra) garantiu que será da dele.

OD – Qual seu desafio, hoje, dentro do Gaeco?

Prado –
É com seguir que o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, coloque um delegado e um escrivão. Vou pedir dois delegados, porque o MPE não tem nenhum problema em trabalhar com a Polícia Militar e a Polícia Civil juntas. Nós somos servidores público, aquelas resistências do passado, em nossos sindicatos, tem que ser ultrapassadas. Todos nós somos seres humanos, todos nós podemos, ricos ou pobres, ser vítimas do crime organizado. É preciso para com qualquer vaidade tola ou resistência e temos um trabalho fortalecido na área macro. Por exemplo, no tráfico de armas, o MPE, através do Gaeco, a Polícia Civil, Militar Federal, Abin e o Exército, podemos estar juntos, delimitando tarefa, porque todos nós moramos em Mato Grosso. Então, realizar reuniões periódica, na hora que as provas tiverem bem fortes, robustas, com cautela estudar qual o caminho jurídico, qual a competência, qual o magistrado, deflagrar o processo. Não tem nenhum problema em sentar para aprender com esses valorosos segmentos. O país não tem mais espaço para o coorporativismo retrógado. O crime é unido e nós unidades temos que ser unidas também.

OD – Porque é difícil enfrentar o crime organizado?

Prado –
Porque nós do lado de cá somos do bem e muitas vezes não somos capazes de imaginar que o semelhante seu seja capaz de praticar tamanha maldade, porque nós não temos esse perfil. O maior desafio é você continuar sendo bom e entender a mente do criminoso, por isso que é difícil a investigação do crime organizado. Porque a mente do criminoso é ilimitada. Ele não tem ética e nem freio moral.

OD – Quando se fala em crime organizado, lembra-se também do tráfico de drogas...

Prado –
Com certeza o crime organizado coloca as drogas nas ruas, mantém as bocas de fumo. O crime organizado mantém o contrabando de armas.

OD – E como combater o tráfico?

Prado –
É o grande desafio do estado brasileiro. Não só do MPE, mas do Estado brasileiro, sério, da República, do pacto federativo.

OD – E o pacto republicano, qual sua avaliação a respeito?

Prado –
Olha for pra valer e todos nós não nos engajarmos da ação e não só do discurso é válido. Ao invés de pacto republicano o grande desafio é acabar com a corrupção, com a farra de passagens, com a farra do nepotismo, do cabresto, das licitações de carta marcadas, é acabar com o corporativismo doa a quem doer. Fazer valer autoridade constituída. O grande gargalo é a corrupção. O que acaba com a sociedade é a corrupção, que vai desde tirar do banheiro um sabonete ou um papel higiênico e levar para sua casa à corrupção de desviar recursos inteiro de uma licitação para uma empresa fantasma e passar para o seu poder privado. Achar que o público é privado. Achar que o que é público é seu. Isso é a pior das canalhices que pode existir.

OD - Como o senhor avalia a influência de membros do judiciário cada vez mais no dia a dia das pessoas?

Prado –
Isso é importante. É importante que o membro do MPE se sinta povo. Importante sair do seu castelo, entender que ele tem filhos e família e faz parte desse tecido social que se chama comunidade. Mas não pode nunca esquecer das suas atribuições como autoridade. Você tem que ser gente. Tem que ser povo. Conviver e saber que existe uma sociedade que reclama por segurança, por saúde, por educação, por direitos humanos. No momento que essas pessoas se sentem mais povo, elas são lembradas e cobradas. Vejo positivamente.

OD - E quanto à possibilidade do procurado Paulo Taques concorrer às eleições em 2010?

Prado –
Acho que é uma opção a mais se o eleitor entender que deve escolhê-lo. Se for da vontade dele, é um cidadão e entender amanhã ou depois que deve pedir exoneração do cargo dele, pois somos impedidos pela lei depois de 1988. É a população quem vai dizer se vai querer aquele cidadão do MPE porque ele é sério, correto, probo, trabalhador, ou queremos aquele mecânico, engenheiro. Tudo que é democracia é válido. Eu sou fã da democracia.

OD – E a Operação Gafanhoto, que desarticulou o crime organizado no setor hortifrutigranjeiro, como está o andamento?

Prado –
Eu vou me reunir com os colegas Joelson e Célio na semana que vem, para que eles me informem em que pé está a operação. Se já estiver concluída vamos continuar atuando e fiscalizando. Se não, vamos dar continuidade de acordo com as orientações.

OD – O Gaeco tem atuado fortemente no combate à Mafia do Combustível, como o senhor conduzirá essa batalha? E qual a maior dificuldade?

Prado –
Vamos dar continuidade, acompanhar e fiscalizar. O maior desafio é as pessoas se conscientizarem de ter um lucro menor. O que move o crime é a corrupção. É o lucro sem trabalho sem suor. É o consumo material. O grande desafio é fazer o ser humano ser humano. (...) Ser desonesto é fácil, o duro é ter acesso a tudo isso e continuar honesto.

OD – Quando se fala em crime organizado em Mato Grosso, logo pensa em Arcanjo. Ainda existem ramificações do jogo do bicho. Como acabar com isso?

Prado –
O problema do jogo do bicho? Eu vou dizer. Existem algumas infrações neste país que compensam você correr o risco. Porque a sanção penal é pequena. Então a pessoa pensa, vou fazer porque vou preso, mas daqui um ano estou solto, mas peguei tantos milhões. Então compensa. O povo brasileiro na hora de votar, tem que votar em pessoas comprometidas, com a dignidade, cidadania, ética e segurança. A partir do momento que você vota numa pessoa que acha correto colocar toda uma família para viajar num avião do Brasil para o Exterior, porque ele acha que aquele dinheiro é dele, pessoal, então avalie como são feitas as leis neste país. Pessoas que acham que é ético e correto você usar o dinheiro público para passear com a família no exterior, para levar a mulher e o filho para conhecer todo o Brasil e Europa, então imagina que tipo de lei vem de lá. Vem para não puni-los, vem para pessoas do perfil deles. Então o jogo do bicho, não dá reclusão. O crime compensa.

OD - Qual o balanço que o senhor faz da sua atuação como procurador Geral de Justiça por dois mandatos?

Prado –
Eu pautei pela retirada do MPE de dentro dos Fóruns, para dar mais independência funcional às promotorias, busquei fortalecer a relação com a sociedade através das campanhas, como a das queimadas, acessibilidade, contra corrupção eleitoral, campanha da cidadania, trabalho escravo, fortalecer a assessoria para as promotorias. O Marcelo é um parceiro e aliado e fará uma administração memorável no MPE.
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