Parabéns aos médicos, viva a Democracia! Nesta semana, vimos a coroação de uma verdadeira batalha democrática. O mais interessante foi o elenco deste enfrentamento, protagonizado por soldados pouco comuns em campos de guerra. Com seus uniformes alvos, destacavam-se nas avenidas do Brasil inteiro. Cerca de 25 mil médicos, entoando gritos de ordem contra uma desordem política incoerente e nociva ao proletariado. Pareciam reviver a Grécia antiga, com sua Democracia Direta borbulhante nas ágoras de Atenas. O Partido dos Trabalhadores, historicamente engajado na defesa dos interesses dos operários, desta vez ocupou o papel do próprio patrão, ou vilão...? A Medida Provisória nº 568/2012 que propunha a nefasta redução salarial em exorbitantes 50% para os servidores federais da área médica, talvez passasse despercebida pelos menos antenados, mas àqueles personagens que antes se mantinham encrudelecidos dentro dos seus consultórios e alheios à política, não. Nesta epopeia, não. Foi diferente. Pena que somente estes prejudicados se opuseram ao ato. Testemunhamos a força que as categorias profissionais têm quando organizadas. Em menos de uma semana, conseguiram a alteração no texto normativo! Relembrando os tempos de desprestígio que o servidor público amargou na era Fernando Henrique, a presidente Dilma, em flagrante equívoco da função atípica do Poder Executivo, editou um ultraje a toda retórica socialista sempre sustentada pelos militantes outrora chamados de esquerdistas. Getúlio Vargas teria se estremecido no seu recôndito subterrâneo, sendo ele o ícone dos maiores feitos e vitórias da nossa legislação trabalhista. Foi uma concatenação muito forte e por isso, surtiu o efeito desejado. Uma aula de cidadania a ser seguida e reverberada por todas as entidades sindicais. Fica registrado para todo cidadão brasileiro o quanto a participação popular pode e deve interagir com o Governo, protestando e sugerindo debates de interesse geral. Defender seus direitos é vestir de corpo e alma o Estado Democrático de Direito! Oxalá vermos o mesmo desempenho em nossas prefeituras falidas e incompetentes em resolver o caos na saúde. No Mato Grosso, perpetuam as calamidades sanitárias por décadas, em declarado desrespeito ao o munícipe contribuinte. Entra alcaide, sai alcaide e nada muda! A nossa Saúde Pública clama pelo mínimo de atenção. Aqui a categoria médica está cansada de lutar por melhorias. Greves, protestos e acordos coletivos homologados pela Justiça são negligenciados pelos gestores. Vivemos algo sui generis, uma afronta ao Poder Judiciário, ao próprio povo! Parabéns aos médicos, viva a Democracia! DR ÉZIO OJEDA Médico e Advogado