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Sábado, 20 de abril de 2024

Notícias | Turismo

Viagem à Antártida requer coragem, paciência e dinheiro

Além de tolerância ao frio, o adepto de turismo radical que quiser conhecer a Antártida precisa ter bolsos cheios, poucos compromissos e muita paciência mesclada com coragem.


Somados aos percalços de qualquer viagem, imprevistos provocados pelo clima caprichoso da região podem atrasar partidas e chegadas em dez dias ou mais, obrigando o visitante a uma internação forçada em lugares como Punta Arenas, que não é bem a cidade mais atraente do mundo.

Foi isso que aconteceu em meados de dezembro com um grupo de 49 clientes da empresa americana Antarctic Logistics and Expeditions (ALE), única a levar turistas para o interior do continente, ao acampamento de montes Patriot, a pouco mais de 1.000 km do polo Sul. Todos haviam chegado a Punta Arenas contando embarcar no dia 16, mas só partiram dez dias depois. 
Pavel Bém, prefeito de Praga (República Tcheca), médico e aventureiro, desistiu e voltou para seus afazeres. Não se sabe se Bém conseguiu reaver o dinheiro pago para escalar o maciço Vinson, um pacote que custa US$ 33.450, mas não deve ter sido fácil.

Todos que embarcam no voo do jatocargueiro Ilyushin-76DT para Patriot assinam contratos em que a ALE se reserva o direito de mudar tudo a qualquer momento, em nome da segurança dos passageiros e por motivo de força maior (leia-se clima), sem direito a restituição integral. Seus clientes também precisam de uma apólice de seguro no valor de US$ 300 mil para remoção, em caso de acidente ou doença graves (o acampamento tem dois médicos de plantão). Tudo isso para passar vários dias ou semanas dormindo em barracas para duas pessoas, diretamente sobre o gelo, sem direito a água encanada (em português claro, sem banho).

Navio

A ALE, no entanto, é o meio menos usado pelos mais de 46 mil viajantes que visitam a Antártida a cada verão. Só 270 recorreram à empresa e desembarcaram de avião no continente gelado na temporada 2008/9, 177 deles para escalar o maciço Vinson, montanha mais alta do continente (4.892 m).

A maioria vai de navio, e apenas dois terços desembarcam em terra firme (ou gelo firme). Recomenda-se aos navegantes buscar uma empresa filiada à Associação Internacional de Operadores de Turismo Antártico (Iaato), que subscreve as regras ambientais do Tratado da Antártida -são 44. Recentemente, operadoras com menos experiência na região têm levado grandes navios para a Antártida, alguns com mais de 2.000 passageiros, tendência que preocupa membros do tratado.

Uma das companhias mais especializadas é a Polar Cruises, que trabalha com 18 embarcações de quatro tipos: quebra-gelos, navios de luxo, navios de expedição e navios de aventura, com capacidades variando entre 45 e 120 passageiros. Dependendo do itinerário e das acomodações, o preço pode variar entre US$ 4.000 e US$ 38.000, com partidas da América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. De navio o visitante não vivencia as condições extremas do continente experimentadas pelos primeiros exploradores e pelos turistas da ALE, mas pelo menos o banho quente é garantido.

Os pontos mais visitados são ilhas e baías na região da península Antártica, o braço que se projeta em direção à América do Sul. Nem 1% das visitas chega ao continente, menos ainda nos pontos históricos como a região da baía de McMurdo, de onde saíram duas expedições de Robert F. Scott e uma de Ernest Shackleton, no começo do século 20. Só 338 brasileiros -0,7% do total de turistas- visitaram a região entre 2007 e 2008, segundo estatísticas da Iaato. A maioria dos turistas vem de países mais ricos, como EUA (36%), Reino Unido (16%) e Alemanha (11%).

Nos últimos três verões, o fluxo cresceu mais de 50% e já começa a preocupar pelo impacto ambiental. Embora haja regras estritas sobre retirada de lixo e dejetos e trato com animais selvagens, não há fiscalização no continente.

Turismo na Antártida, além de riscos para ecossistemas ainda pouco conhecidos, traz também perigo para o próprio visitante. Em 17 de fevereiro, o navio dinamarquês Ocean Nova, fretado pela empresa americana Quark Expeditions, encalhou na baía Marguerite, no lado oeste da península Antártica, com 105 pessoas a bordo. Todas foram retiradas pelo navio Clipper Adventurer, a serviço da mesma empresa, mas muitas devem ter tido pesadelos, lembrando do filme "Titanic".




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