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Sábado, 20 de abril de 2024

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Antes vistos como 'brinquedos', scooters ganham espaço no Brasil

Que bonita essa “lambretinha”! Essa afirmação era comum quando, no começo dos anos 1990, aterrissaram no Brasil os primeiros scooters de nova geração, o Suzuki AE 50 e Yamaha Jog 50.

Pequenos, limitados a um uso estritamente urbano pelos motores de 50 cc, com rodas minúsculas e baixa potência, tais veículos foram vistos mais como brinquedos que como efetivos meios de locomoção por um Brasil que, naquela época, começava a se abrir para os produtos importados.

Mesmo com a legislação direcionando o uso desses pequenos “pets” sobre rodas exclusivamente a maiores de 18 anos detentores da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), boa parte destes scooterzinhos naquela época acabou mesmo nas mãos de adolescentes, que rodaram mais ou menos livremente em cidades pequenas e principalmente dentro de condomínios fechados, aproveitando da mesma vista grossa da lei que possibilitou a muitos de nós circular para cima e para baixo com ciclomotores tipo Mobylette trinta ou mais anos atrás.

A era desses pequenos scooters de 50 cc logo passou, mas não sem antes – em uma ação meio tímida – ver a Honda, “líderzona” de nosso mercado desde sempre, se arriscar a dar um pulinho além, oferecendo algumas poucas unidades de seu Spacy 125. Mais parrudo, o Spacy logo deixou as revendas da marca, vítima de um mau momento de nossa economia – em 1992 – como também de uma incompreensão variada e generalizada quanto à natureza daquele meio de locomoção.
Ter cara de brinquedo e rodas pequenas prejudicaram o Spacy, que não teve chance de exibir seus dotes de economia e praticidade superiores aos de uma moto de motor equivalente, que à época eram vistas como veículos com maior status. Pouco depois, motonetas como Honda Dream e Biz, Yamaha Crypton e congêneres sopraram para longe os scooters da vida do brasileiro, uma vez que, com suas rodas grandes e porte robusto, enfrentavam melhor o rude piso de nosso Brasil.
Evolução
Alguns anos se passaram e eis que os scooters propriamente ditos voltam à carga, tendo no Suzuki 125 Burgman seu líder. Naquele momento, se aproveitando talvez de uma maturidade maior do consumidor e também de características técnicas e dinâmicas mais aperfeiçoadas, o pequeno veículo começou a vender, e vender, e vender.
Rodas de diferentes tamanhos proporcionam efeitos diferentes (Foto: Raul Zito/G1)
Rodas maiores trazem mais segurança nos pisos
irregulares do Brasil (Foto: Raul Zito/G1)
E no vácuo desse sucesso foram surgindo concorrentes, não mais cinquentinhas, mas sim os 125, 150 e, pasmem até grandes scooters de 400 e 650, que, porém, exploravam o mesmo conceito: agilidade, praticidade e espaço sob o banco para guardar um capacetinho pelo menos.
Hoje scooters são um fenômeno em franca ascensão no Brasil, e a maior parte dos fabricantes oferece em seus catálogos modelos de características semelhantes, que duelam pela preferência desse público crescente, boa parte atraída pelos citados dotes de praticidade, outra parte pela simples simpatia que tal veículo desperta.
Suzuki Burgman i (Foto: Divulgação)
Suzuki Burgman i (Foto: Divulgação)
Primeiro ponto: aos olhos de um leigo, motocicletas são ameaçadoras. Pequenas ou grandes, aquele motor exposto, metal pontudo, comandos nos dois pés e nas duas mãos... realmente não parece ser algo fácil de se domar. Já um scooter e suas superfícies lisinhas e mecânica escondida causa uma natural sensação amistosa, como aquele filhote de cachorro fofinho em que todos querem passar a mão.
E essa “mágica” dos scooters atrai quem jamais cogitou em rodar em uma moto. E mais: geralmente scooters tem câmbio automático, ou seja, basta acelerar e frear. Uma gestão tão simples como ligar um secador de cabelo... e falando nisso, lembramos delas, as mulheres, para as quais indubitavelmente um scooter cai bem melhor do que uma moto, qualquer que seja.
Qual é o seu?
O Brasil ainda engatinha em termos de oferta de scooters se comparado à Europa por exemplo, continente onde não há grande cidade sem milhares deles rodando nas mãos de quem quer que seja, do estudante adolescente (na maior parte dos países europeus um scooter pequeno pode ser pilotado por maiores de 15 ou 16 anos) ao executivo ou executiva das grande empresa, cujo escritório fica em áreas centrais de tráfego limitado às quais carros têm acesso restrito. Aliás, em Milão, Paris ou Londres impressiona a quantidade de senhores engravatados e senhoras de saia, elegantes, pilotando seus scooters rumo aos afazeres profissionais, no inverno ou verão, faça chuva ou faça sol.
Honda PCX 150 (Foto: Divulgação)
Honda PCX 150 alia rodas grandes com a
tecnologia start-stop (Foto: Divulgação)
Aqui ainda estamos longe de ver essas cenas Brasil afora, mas, nas nossas metrópoles, cada vez mais scooters compõem a cena urbana. E eles cresceram, não são mais os “brinquedinhos” de vinte anos atrás, mas sim meios capazes de levar dois adultos, abrigar até dois capacetes sob o assento e, se for o caso, serem equipados do útil baú traseiro, onde o laptop dividirá espaço com a bolsa, a mochila para ir à academia após o trabalho e o que mais for.
Com rodas maiores, pneus mais resistentes e suspensões melhores, encaram a buraqueira sem grandes traumas. Para-brisas protegem da sujeira urbana, poeira, fumaça ou chuva assim como as pernas estão atrás de providenciais escudos: nada de sapatos estragados pelos comandos do câmbio e freio já que tudo está nas mãos, nada de pés e pernas sujas por conta do piso molhado pela chuva ou o que for.
Dafra Citycom 300i, com kit 'Itália' (Foto: Divulgação)
Dafra Citycom 300i é opção de maior cilindrada
(Foto: Divulgação)
Novidades para o Brasil
No último Salão das Duas Rodas, a efervescência desse setor ficou clara, através de uma quantidade considerável de lançamentos e também via modelos apresentados para “pesquisas de aceitação”, que podem – de acordo com o resultado – em breve frequentar os saguões das concessionárias nacionais a médio prazo.
Exemplo concreto de novidades que estarão em nossas ruas em breve são dois “reis” do segmento mundial: o sofisticado BMW C 600 Sport e, aquele que é considerado o melhor big-scooter do mercado mundial há anos, o Yamaha T-Max 530.
Maxiscooter BMW C 600 Sport (Foto: Raul Zito/G1)
BMW C 600 Sport (Foto: Raul Zito/G1)
Além destes, a Dafra, incentivada pelo sucesso de seu Citycom 300i, propôs o Maxsym 400i, que chega para brigar de frente com pioneiro dos big-scooters no Brasil, o Burgman 400i, e oferecerá também um meio termo, o Cityclass 200, com rodas de 16, que se baterá com o recentemente lançado Honda PCX 150, moderno e estrondoso sucesso do mercado europeu e que por aqui já começa a despontar como um queridinho, como foi – e ainda é – seu irmão Honda Lead 110, rival do mais do que popular Suzuki Burgman 125.
Paramos por aí? Que nada! Novas marcas como Keeway ou clássicas como Kawasaki também chegarão para disputar a preferência dos brasileiros. Como se vê, o futuro é fértil.
Moto x scooter
Seria pouco esperto alimentar polêmicas explorando um suposto antagonismo entre motocicletas e scooters. Apesar de ambos terem duas rodas e motor, são coisas bem diferentes. Porém, a realidade é que mesmo os mais arraigados motociclistas, uma vez experimentando scooters para o uso urbano, dão a mão à palmatória, confessando ser o veículo barbaramente mais prático do que qualquer moto.

E na outra ponta, como já citado, há a turma que jamais teria uma moto (arghhh!), mas que vê scooters como meios nos quais gostaria de rodar para chegar melhor e mais rapidamente do ponto A ao B.
E querem saber mais? Nos scooters de 300 cc ou mais, viagens rodoviárias são ótimas, tanto pela extensa proteção aerodinâmica, natural a estes veículos, como por um conforto de marcha excepcional.
Inconvenientes?
Sim, claro! Nos modelos com rodas pequenas, cerca de 10 polegadas, a capacidade de engolir irregularidades da pavimentação é limitada, o que demanda uma pilotagem atenta e cuidadosa. Outro aspecto característico desses veículos é a manutenção que o sistema de transmissão exige, muitas vezes desconsiderada por boa parte dos usuários: em uma moto o clássico sistema corrente, coroa e pinhão dá sinais de desgaste e necessidade de regulagem de modo evidente. Em um scooter com câmbio automático a transmissão funciona como que encapsulada, e seus componentes vão se desgastando sem dar muita “bandeira”, e quando o sistema pifa de vez, a despesa pode ser grande...
Scooters são, de um modo geral, veículos menos resistentes a maus tratos do que motocicletas e as consequências de pequenos tombos são frequentemente mais onerosas pela simples razão de haver bem mais carroceria para ralar e/ou quebrar.
Todavia, nada disso anula os fatores principais que fazem deles um sucesso cada vez maior em todo o planeta: práticos, acessíveis e inteligentes, scooters vieram para ficar e serão ofertados em diferentes variações, atendendo um público cada vez mais extenso, interessado em tornar a vida cada vez mais prática e fácil.
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