As duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que apuram irregularidades na Petrobras deverão ter ritmo reduzido nesta semana devido ao jogo da Seleção Brasileira pela Copa do Mundo, na terça-feira (17), e ao feriado prolongado de Corpus Christi, na quinta-feira (19).
As duas comissões – uma composta exclusivamente por senadores e outra mista, também com deputados – têm se reunido nas terças e quintas, mas esta semana vão funcionar apenas quarta-feira. Pela manhã, a CPI do Senado vai ouvir o gerente de Engenharia de Custos da Petrobras, Alexandre Rabello. À tarde, CPI mista fará sessão deliberativa para tentar aprovar centenas de requerimentos que estão em pauta.
A aprovação dos requerimentos, porém, vai depender de quórum. Dos 32 parlamentares que compõe a CPMI, serão necessários 17 para dar início à votação dos 379 itens, entre eles, dois que pedem a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff, ambos presos pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato.
De acordo com o presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a CPI mista votou 200 requerimentos desde sua instalação, em 28 de maio. O peemdebista, responsável pela convocação das reuniões, disse que a lista de presença nesta semana deverá ser baixa. "Estamos trabalhando, eu não posso é deixar de marcar as reuniões", afirmou.
O deputado Julio Delgado (PSB-MG), integrante da CPI, disse que o governo está tentando "empurrar" os trabalhos do colegiado para depois do recesso parlamentar de julho. "Esta semana tem jogo do Brasil, quinta é feriado, semana que vem também tem jogo, é uma tentativa de tentar empurrar isso pra depois do recesso", afirmou.
O líder da bancada do Solidariedade na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), culpou o governo por a Comissão Parlamentar de Inquérito estar "indo de mal a pior", segundo afirmou.
A oposição também criticou a atuação do relator, deputado Marco Maia (PT-RS), na última sessão da CPMI, quando o petista usou mais de duas horas para fazer 139 perguntas à presidente da Petrobras, Graça Foster. Para o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), essa é uma "estratégia" do governo para "esvaziar a CPI e não investigar absolutamente nada".
"O governo resolveu usar um trator na CPI, mais de duas horas fazendo perguntas ao extremo, fazendo jogo de impedir investigação", declarou o Francischini.
A reportagem tentou entrar em contato com Marco Maia, mas não teve resposta.
CPI do Senado
Ao contrário da sessão da CPI mista, que será deliberativa, a reunião da comissão no Senado não dependerá da presença da maioria dos integrantes para cumprir a pauta desta quarta. Está marcado para 10h15 o depoimento do gerente de Engenharia de Custos da Petrobras, Alexandre Rabello.
A CPI no Senado tem sido boicotada pela oposição, que prioriza o colegiado misto. As sessões, por isso, são frequentadas por poucos senadores governistas.
Rabello deverá falar sobre suspeitas de superfaturamento na construção de refinarias pela Petrobras, entre elas a de Abreu e Lima, em Pernambuco. De acordo com a investigação da Polícia Federal na operação Lava Jato, R$ 400 milhões foram desviados na obra, que é considerada superfaturada pelo Tribunal de Contas da União.
O esquema de desvio teria sido coordenado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, segundo a Polícia Federal. Ele é considerado um dos chefes da quadrilha responsável por movimentar mais de R$ 10 bilhões em operações de lavagem de dinheiro. Conforme as investigações, o ex-diretor ajudou empresas de fachada mantidas por Youssef a fechar contratos com a estatal.