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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Vídeo mostra o momento do acidente que matou seis pessoas no Paraná

Imagens de câmeras de segurança mostram o exato momento em que um caminhão sem freios causa um acidente que deixou seis mortos e quatorze feridos na BR-277. O caso aconteceu no domingo (3), na descida da serra que liga Curitiba a Paranaguá, no litoral paranaense.


No vídeo, é possível ver que o motorista do caminhão tenta fazer uma curva, mas a carreta que levava 44 mil litros de álcool tomba e logo explode. Ao lado do caminhão, outro carro que também fazia a curva é atingido. O motorista desse veículo morreu. Outro carro, que estava na mesma pista do caminhão, mas alguns metros à frente, continua descendo e o motorista sai ileso, sem ser atingido pelas chamas.

Com base no boletim de ocorrência e nas imagens, é possível desenhar a reconstituição do acidente. Na pista contrária, que sobe a serra em direção a Curitiba, outro carro recebe um banho de álcool que vazou do caminhão e pega fogo. O tanque repleto de álcool ainda atinge mais três carros.

Nesses últimos veículos, ninguém morreu. Os ocupantes se salvaram correndo para um barranco na lateral da rodovia. Policiais rodoviários, socorristas da concessionária que administra o trecho e bombeiros de cinco cidades foram chamados para ajudar a controlar a situação.

Pai entrega filha a desconhecido
O combustível do tanque seguiu vazando e entrou em uma canaleta, ao lado do acostamento, por onde algumas pessoas tentavam escapar das explosões. Entre essas pessoas estava o casal Caroline Fernanda Grassman Martins, de 22 anos, o marido dela, Luiz Carlos da Silva, de 26 anos e a filha deles recém-nascida, Maria Fernanda, que tinha apenas 16 dias quando o acidente aconteceu.

Outra câmera, de uma loja de conveniências às margens da rodovia, mostra Luiz Carlos ainda na canaleta, com os sapatos em chamas. Ele tira os sapatos e joga sobre a pista. Segundos depois acontece mais uma explosão e ele é tragado pelas chamas. Nenhuma câmera capturou imagens de Caroline.

Poucos instantes antes de ser atingido pela explosão, Luiz Carlos entregou a filha a um desconhecido, para tentar salvá-la. O dentista Sérgio Schacht estava ao lado do pai de Maria Fernanda. “Ele só falava assim, filho, pega criança, eu peguei. E quando eu fui pegar, ele esmoreceu. Não tinha mais força”, relembra Schacht.

O dentista correu para um barranco ao lado da estrada e ficou lá esperando o socorro. “E a criança ficou no meu colo direto. Até o bombeiro chegar, quando eu entreguei a criança pro bombeiro”, diz.

No barranco, com Maria Fernanda no colo, Schacht ainda encontrou outros dois sobreviventes, o casal Mauro e Fabiana Silva. Eles estavam no segundo carro que foi atingido pelo caminhão. “Eu comecei a gritar para a minha esposa. Sai do carro. Sai do carro. Sai do carro”, diz.

Maria Fernanda foi levada ao Hospital Evangélico, em Curitiba, onde ficou internada sem que se soubesse quem eram os pais. Os corpos de Luiz Carlos e de Caroline foram encontrados um dia depois do acidente, em uma galeria pluvial próximo à rodovia.

Enquanto os Bombeiros ainda procuravam por mais vítimas do acidente, a avó de Maria Fernanda, Eliabe Grassmann estava preocupada, sem notícias da filha e da neta. A família havia passado o dia na casa dela e não deu mais notícias após o acidente. “No último dia 3 de julho tive um dia maravilhoso, pois estava com minhas filhas e minha neta em casa", escreveu Eliabe em uma carta. Ela ainda não consegue falar após a tragédia.

“Na segunda-feira falei com um monte de gente, me bati e não tinha nenhuma resposta sobre o paradeiro da minha filha, procurei em hospitais. Foi quando alguém me falou sobre o bebê que sobreviveu ao incêndio, que estava no Hospital Evangélico, então me dirigi até lá”, lembrou a avó no texto. Foi ela quem reconheceu Maria Fernanda e a acompanhou nos dias em que a menina esteve internada, em observação.

“O maior desejo de minha filha era criar Maria Fernanda como uma princesa e é isso que eu vou tentar fazer da melhor maneira possível. Cria-la com muito amor e carinho”, diz no texto.

A bisavó de Maria Fernanda, Zenilda, agradece por pelo menos poder ter a menina por perto.  “Meu Deus, ainda bem que deu para ele salvar a filhinha dele, para ficar de lembrança para a gente”, diz. Ela contou que o casal foi para Morretes para que a família pudesse conhecer Maria Fernanda. Ela conta que os pais estavam felizes com a chegada do primeiro filho. “Estavam tão felizes os dois, tão felizes com essa criancinha, meu Deus, misericórdia, a gente não entende, não entende o que aconteceu”, lamentou.

O pai de Luiz Carlos, José da Silva, elogia a postura do filho que perdeu. “Hoje para mim, ele é o filho, o herói, tudo. Deus quis ele lá em cima, levou ele. Que ele fique com Deus e em paz. Mas aqui eu sei que no meu coração ele vai ficar para sempre. Nunca mais vai sair do meu coração”, lamenta emocionado.

Caminhão tinha problemas
O motorista do caminhão que provocou o acidente, José Nascimento Pacheco, de 43 anos, saiu ileso do acidente. Ele foi preso e, em depoimento, confessou que sabia que o veículo estava com problemas nos freios. No entanto, decidiu seguir a viagem mesmo assim.

Após pagar fiança de R$ 8,8 mil, Pacheco foi liberado e deve responder pelo crime de homicídio doloso, com dolo eventual, ou seja, quando o autor assume o risco de matar. Se for condenado, poderá pegar até 20 anos de prisão.
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