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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Com medo de ser preso, empresário ameaça ex-secretário e pode ter delação colocada em xeque

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Com medo de ser preso, empresário ameaça ex-secretário e pode ter delação colocada em xeque
Trecho de uma conversa de WhatsApp entre o empresário Alan Malouf e o ex-secretário de Segurança Pública na gestão de Pedro Taques (PSDB), promotor Fábio Galindo, vazada na última segunda-feira (27), mostra uma ameaça que teria sido feita pelo delator contra o ex-gestor. “Vou fuder todo mundo, inclusive você”.


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Na conversa, o empresário – que foi condenado a 11 anos de prisão, após delação de Giovani Guizard, que revelou o pagamento de 25% da propina que era desviada em contratos entre empreiteiras e a Secretaria de Educação (Seduc) – primeiro pediu ajuda, mas quando a teve negada, começou a disparar ameaças.
 
A conversa entre os dois teria sido mantida entre o final de novembro e o início de dezembro de 2016, antes da prisão de Malouf.
 
Diálogo
 
Preocupado, Malouf decidiu procurar Galindo para pedir ajuda na tentativa de embaraçar as investigações. Para tanto, o empresário cita um bom trâmite do então promotor de Justiça com os membros do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
 
Malouf cita o clima pesado e a situação pela qual estava passando, chegando a confessar que estaria temendo a prisão. “Cara, estou desesperado. Tenho família. Estou com medo de ser preso. Você pode me ajudar a segurar isso. Você conhece todo mundo no Gaeco, você é amigo da Selma, você é respeitado”.
 
Porém, Galindo afirma que não há nada a ser feito e que a investigação já está em andamento. “Esse caso já é consolidado, já tem gente presa, está em ebulição. Isso não para. Não existe amizade que segure isso. Seu único caminho é correr, se antecipar, comparecer e apresentar suas provas".
 
O empresário então começa a mudar o tom da conversa. “Fábio, você era meu amigo. Estavamos juntos, vocês viviam em casa, tomava vinho, todo mundo junto. Agora que estou na merda estou sozinho. Você não sabe o inferno que virou minha vida”.
 
Neste instante, Galindo pontua que não acreditava que o empresário iria se meter em uma confusão destas. “Como amigo você tem minha solidariedade. Mas com todo o respeito, nunca imaginei que você fosse se meter em uma confusão dessas, com corrupção, Seduc, sacanagem. Seu discurso sempre foi “do bem de Mato Grosso”. Agora não venha cobrar lealdade em coisa errada que você fez. Separe as coisas. Vá cobrar lealdade dos seus comparsas, não de mim”.
 
Ao ver a negativa de Galindo, o empresário então dispara. “Olha, vou ser bem sincero com você. Vou fuder todo mundo. Todo mundo. Inclusive você”.
 
“Inclusive eu? Você tá louco? Você sabe que nunca fiz nada de errado. A perseguição que sofro é por ter feito coisa certa e denunciado aqueles grampos. E esse calvário só vai acabar daqui 2 anos, quando esses caras desapearem do poder”, rebate o promotor.
 
O empresário então afirma que seu advogado, Huendel Rolim, supostamente teria dito que “mais vale a versão do que os fatos”. Depois, Malouf ainda acrescenta: “Vou ferrar todo mundo e vocês que se virem”.
 
Delação
 
A conversa pode colocar em xeque a delação premiada do empresário, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nela, Malouf afirma que o ex-secretário queria R$ 3 milhões para montar uma espécie de blindagem junto ao Ministério Público Estadual (MPE) e o Judiciário.
 
No documento, o empresário relata que Galindo teria dito que era próximo do então coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro e da atual senadora Selma Arruda.
 
Nesta semana também houve a apresentação de um documento, registrado em cartório pelo ex-secretário de Estado de Fazenda, Paulo Brustolin, afirmando que Alan Malouf deu declarações falsas em sua delação. Caso tudo seja confirmado, é grande a possibilidade de que haja a rescisão dela.
 
A denúncia
 
Em 19 de abril de 2018, foi homologado o acordo de delação premiada, firmado entre o Ministério Público Federal e Alan Ayoud Malouf, com a finalidade de obter elementos de prova contra os investigados na Operação Rêmora, conduzida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
 
No requerimento de homologação do acordo, o Ministério Público Federal esclareceu que o relator revelou dados de um esquema de arrecadação de verbas, captadas mediante a doação de empresários, e a formação de chamado caixa dois, destinadas à campanha eleitoral de Pedro Taques ao Governo do Estado de Mato Grosso, em 2014.
 
Segundo asseverou, o retorno aos doadores consistiria na celebração de contratos, regulares ou não, com o Estado de Mato Grosso. O MPF também destacou a existência de vinte cadernos anexados ao acordo de colaboração premiada, nos quais está descrita a interlocução do delator com o governador e outras autoridades que detêm a prerrogativa de serem processadas no Superior e no Supremo, entre elas o deputado federal Nilson Leitão.
 
Malouf ainda apontou um esquema de desvio de recursos públicos, por meio de fraudes a licitação, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer de Mato Grosso, durante a gestão do então secretário Permínio Pinto Filho.

Outro lado

Acerca dos questionamentos sobre o print de uma suposta conversa de whattsapp entregue pelo sr. Fábio Galindo, a defesa de Alan Malouf esclarece que:

1. Não reconhece a presente conversa, sequer sabendo donde a mesma “apareceu”, causando estranheza a defesa;

2. Alan, esclarece que não juntou em acordo de Colaboração Premiada nenhum print de conversas realizadas com o Sr. Fábio Galindo e desconhece que essas “conversas” façam parte de algum procedimento criminal;

3. Reitera, por fim, que possuía um relacionamento de muita proximidade com Sr. Fábio Galindo, conforme já relatado perante a PGR e que continua prestando os devidos esclarecimentos as autoridades constituídas, sobre todos os termos e pontos de seu acordo de colaboração premiada, já homologado pelo Supremo Tribunal Federal.


Confira a conversa na íntegra:





Atualizada às 8h20.
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