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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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crime de ódio

Três mulheres são vítimas de feminicídio em quatro dias em MT

Foto: Reprodução

Luciana e Débora, da esquerda para direita.

Luciana e Débora, da esquerda para direita.

Em quatro dias, três mulheres foram vítimas de feminicídio [homicídio cometido contra mulheres que é motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero]. Os casos foram registrados em Sorriso (a 418 km de Cuiabá), Campo Verde ( a 138 km de Cuiabá) e Várzea Grande. Em dois deles, os suspeitos tiraram a própria vida. Somente o terceiro assassino foi preso.


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A primeira vítima foi Débora de Oliveira Silva, 37 anos, morta com um tiro no rosto, na manhã de segunda-feira (8), no Distrito Caravágio, em Sorriso. Marcos Rogério Lima cometeu suicídio, quando era abordado por equipes da polícia. Quando o suspeito avistou as equipes da polícia, pegou a arma e disparou contra sua cabeça. Os militares ainda socorreram o homem até a unidade médica de Nova Ubiratã. Porém, ele não resistiu aos ferimentos.
 
No mesmo dia, Luciana Aparecida da Silveira, de 32 anos, foi assassinada por asfixia em um quarto do Hotel Trevo, por Daniel Domingos Mendes, 39 anos. Seu corpo foi encontrado por funcionários do estabelecimento, localizado  na avenida Governador Júlio Campos, no bairro Chácara dos Pinheiros, em Várzea Grande, somente na manhã de quarta-feira (10). Horas depois, Daniel Domingos se matou na Comunidade do Barcada, zona rural do município de Jangada (a 75 km de Cuiabá). 
 
Bruna Francisca da Silva, de 23 anos, foi morta após uma série de espancamentos. A mulher foi encontrada pela mãe, na quinta-feira (11), com o rosto desfigurado e corpo machucado nos fundos da residência na zona rural do município de Campo Verde (a 125 km de Cuiabá). Policiais militares prenderam no mesmo dia o suspeito Paulo André de Oliveira, de 36 anos.


 
Dados do primeiro trimestre  
 
Entre e janeiro e março deste ano, 24 mulheres foram mortas em Mato Grosso, sendo que 12 foram vítimas de feminicídio. Isto dá uma média de uma morte a cada três dias e meio ou duas a cada uma semana.
 
A Região Integrada de Segurança Pública (Risp) de Cuiabá não registrou feminicídio. Os casos estão distribuídos pelas Risp's de Várzea Grande (3), Sinop (1), Rondonópolis (2), Tangará da Serra (1), Primavera do Leste (2), Pontes e Lacerda (1), Água Boa (1) e Nova Mutum (1).
 
Juiz defende Justiça “humanizada”
 
O juiz Jamilson Haddad Campos, da 1ª Vara Especializada de Violencia Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, lida diariamente com casos de famílias destruídas. Já com muitos anos de experiência na magistratura, ele observa que o atual sistema adotado pelo Estado para o combate à violência não tem atendido os anseios da sociedade. Em entrevista recente ao Olhar Jurídico, o magistrado defende a ampliação da Justiça Restaurativa, que possui uma abordagem mais humanizada e visa a reparação do dano à vítima, bem como a recuperação e reinserção do réu na sociedade.

Juiz defende Justiça
 Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

De acordo com o juiz, em 2018 o Estado de Mato Grosso foi o segundo mais violento para as mulheres no Brasil. Ele atribui este cenário a vários fatores, mas o principal deles é a cultura machista.

“É a visão que o homem tem, como se ele fosse dono da mulher, impondo as suas regras, limitando inclusive a liberdade, dificultando a convivência, às vezes, das mulheres com seus familiares. Mas também não podemos desconsiderar fatores de elevado índice de desemprego, um elevado consumo de substancia entorpecente, que tem atingido todas as classes sociais no Brasil e infelizmente em Mato Grosso também. Mas o Brasil registra essa base patriarcal onde o homem se considera superior as mulheres dentro do próprio convívio”, disse o juiz.
 
Este é um problema, segundo o magistrado, que atinge todas as camadas da sociedade. Ele avalia que existem alguns fatores que fazem com que os dados apontem uma predominância de casos de violência doméstica em famílias mais humildes, apesar de que na realidade mulheres de todas as classes sofrem.
 
“A violência doméstica não tem classe social, afeta todas as camadas da sociedade. Evidentemente que você vê uma estatística que aponta mais casos em classes mais humildes. Mas isso é porque por vezes as pessoas de classe média alta, de padrão alto, por questões patrimoniais não registram essa violência e mantém a família, com muito sofrimento, com muita violência, com muita dor. Por questões patrimoniais elas por vezes seguram até quando dá para depois levar ao conhecimento do Judiciário. Mas nós temos tido vários casos de famílias abastadas, pessoas de alto padrão, que incorrem na pratica de violência doméstica”.
 
Canais de ajuda

As mulheres que precisam de auxílio podem recorrer ao Disque 180, e às Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher ou qualquer delegacia do município que reside. Em Cuiabá, a DEDM está localizada na Rua Joaquim Murtinho, nº 789, Centro Sul. Há ainda o Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública de Mato Grosso, que atende pelo telefone (65) 3613-8204, e no Edifício Top Tower Center, na Capital, e o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso: (65) 3613-9934.
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