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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Perdido no tempo

VLT: 20% do tempo estimado de duração dos vagões já foi consumido com eles parados sob sol e chuva

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

VLT: 20% do tempo estimado de duração dos vagões já foi consumido com eles parados sob sol e chuva
As composições do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que chegaram a Cuiabá no fim de 2013 e desfilaram pelas ruas da cidades, já perderam 20% do seu tempo de uso paradas sob sol e chuva no Centro de Manutenções, localizado ao lado do aeroporto, em Várzea Grande. É comum o consórcio responsável pelo trecho bater na tecla de que eles foram feitos para durar 30 anos. Porém, o que os mato-grossenses esperavam é que esse tempo fosse utilizado com ele em movimento.


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Em recente nota encaminhada ao Olhar Direto, o Consórcio VLT explica que os vagões são equipamentos e componentes de altíssima qualidade e durabilidade. Além disto, são fabricados para resistir às mais adversas condições climáticas, do mais intenso frio europeu ao mais intenso calor cuiabano.
 
“São expostos ao tempo, à ação das chuvas, do sol e com uma vida útil assegurada de pelo menos 30 anos. Não há que se falar, portanto, em comprometimento do material rodante. No que diz respeito aos vagões, as manutenções técnicas, que também zelam por essa qualidade, seguem sendo realizadas, criteriosamente”, acrescenta a empresa.
 
Porém, vale salientar que destes 30 anos, seis já se passaram sem que o VLT entrasse em operação. Na grande parte do tempo, as composições ficaram apenas sofrendo os efeitos de sol e chuva contínuos.
 
Não foram apenas sol e chuva que deterioram os equipamentos. O ‘Cemitério do VLT’, apelido dado pela comitiva das Câmaras Municipais de Cuiabá e Várzea Grande ao Centro de Manutenções do modal, localizado em Várzea Grande, nesta sexta-feira (28), mostrou que a realidade da obra que já consumiu mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos coloca em risco o patrimônio dos mato-grossenses.

Uma das situações mais alarmantes da visita foi registrada pelo repórter fotográfico do Olhar Direto, Rogério Florentino. O único extintor de incêndio em um dos corredores onde estão os vagões estava praticamente sem carga alguma, o que coloca em risco o patrimônio público em caso de incêndio.



Com o tempo seco, as queimadas aumentam em Mato Grosso e qualquer faísca pode gerar um incêndio de grandes proporções, principalmente em áreas em que a vegetação seca domina, como é o caso do Centro de Manutenções. Na manhã desta sexta-feira, durante a visita dos vereadores e da imprensa, foi possível notar, ao fundo do Centro de Manutenções, bastante fumaça e um foco de fogo.

A situação dos vagões, que continuam debaixo de sol e chuva, parece também ter piorado. Na última visita feita pela reportagem, não foi possível identificar muitas avarias. Porém, nesta sexta-feira, a situação era ainda mais preocupante. Em uma das composições, os danos na parte frontal eram bastante significativos. Também foi possível notar vidros quebrados e uma camada extensa de poeira.

 

A poeira também ajudou a identificar que a segurança do local pode estar abaixo do esperado. Os vagões, que custaram R$ 497,9 milhões à época, estão com diversas escritas, possivelmente por pessoas que entraram no local em autorização. Foi possível identificar que os ‘invasores’ até brincaram de ‘jogo da velha’ nos empoeirados vidros do bilionário VLT.

O presidente da Câmara de Cuiabá, Misael Galvão (PSB), foi o primeiro a classificar o local como um cemitério. “Isso aqui virou um cemitério. Pelo que estamos vendo aqui, isso poderia estar funcionando. A Câmara Municipal vai lutar para que este modal tenha continuidade. Já foram gastos mais de R$ 1 bilhão, não dá pra jogar tudo isto no lixo”.

Parecer do Ministério Público Federal quanto à representação da Polícia Federal que culminou na 'Operação Descarrilho' aponta que Silval Barbosa e o ex-secretário da Secopa, Maurício Guimarães, negociaram que a empresa CAF Brasil, uma das integrantes do consórcio, pagaria R$ 18 milhões em propina que seriam referentes aos veículos, trilhos e sistemas operacionais do VLT.

Os diretores da empresa concordaram com o pagamento da propina equivalente a 3% do valor a ser pago pelo Estado para aquisição desse material. Após o acerto, teve início a execução do contrato com o Estado, porém a empresa não efetuou os pagamentos relativos às propinas.

Como solução, a empresa foi beneficiada com adiantamento de 30% no contrato de R$ 149 milhões para aquisição do material rodante que inclui os vagões, segundo depoimento de Silval Barbosa.

Comissão

A comissão formada pela Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana em parceria com o Estado de Mato Grosso deverá apontar o valor necessário para finalizar as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande, o preço atualizado da tarifa e outros pontos relevantes para que o governador Mauro Mendes (DEM) tome a decisão se continuará ou não a tocar o projeto.

A comissão foi formada após três reuniões realizadas em Brasília com as equipes dos governos estadual e federal. De acordo com o governador Mauro Mendes (DEM), as reuniões mostraram a necessidade de se encontrar uma solução para a situação, em parceria com o Governo Federal e órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União e Advocacia Geral da União. O prazo é de 120 dias, contados a partir de 10 de julho deste ano.

VLT
 
Iniciada em agosto de 2012 e com mais de R$ 1 bilhão já aplicados para o “novo” modal de transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande, os trilhos que guiariam o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) nos dois municípios quase não existem, e os que já foram construídos estão se deteriorando, juntamente com os vagões que estão estacionados no Centro de Controle Operacional e Manutenção, localizado em Várzea Grande e que, por curiosidade, também está se definhando por falta de manutenção.
 
Parada desde dezembro de 2014, o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos será composto por duas linhas (Aeroporto-CPA e Coxipó-Porto), com total de 22 km de trilhos e terá 40 composições, com 280 vagões. Cada composição tem capacidade para transportar até 400 passageiros, sendo 72 sentados.
 
Serão 33 estações de embarque e desembarque e três terminais de integração, localizados nas extremidades do trecho, além de uma estação diferenciada onde também poderá ser feita a integração com ônibus.

No início deste mês, o Tribunal de Justiça do Estado decidiu manter a rescisão do contrato do Governo com o consórcio VLT. No mesmo dia, o governador Mauro Mendes anunciou que iria decidir os rumos das obras do modal até o início de julho.
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