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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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“Já o chamaram de débil mental e nem sabíamos o que ele tinha”: servidora revela os desafios de ser mãe de autista

Foto: Arquivo Pessoal

“Já o chamaram de débil mental e nem sabíamos o que ele tinha”: servidora revela os desafios de ser mãe de autista
Márcio Neves de Almeida Filho tem 13 anos e foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de grau leve a moderado aos nove. Além do autismo, o garoto possui hiperlexia, dislalia, dislexia, ecolalia e dificuldades de aprendizagem. O diagnóstico tardio causou diversos problemas na infância do garoto, que aos seis anos foi chamado de débil mental por uma professora por possuir problemas na fala. “Ela chamava ele de louco, demente, de débil mental e retardado. Eu cheguei a presenciar isso e tirei ele de lá na hora, mas o estrago já estava feito”, lembra Haelen Alessandra, mãe do menino.  Atualmente Marcio está no sétimo ano em uma escola de ensino regular na capital e faz parte do Projeto Bom de Bola, Bom de Escola, onde se destaca como goleiro.


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Haelen é servidora pública em Várzea Grande e conta que o convívio do filho na escola sempre teve diversos desafios e preconceitos por parte de algumas pessoas exatamente por ser uma síndrome que interfere na interação social e não sabiam lidar com uma criança introvertida e com comportamento limitado. “A gente não sabia que ele era autista e quando ele tinha por volta de seis anos eu precisei mudar ele de escola porque uma professora maltratava muito ele”, diz.

Sem entender o motivo do comportamento de Marcio ser diferente do comportamento de outras crianças da mesma idade, Haelen conta que receber o diagnóstico de autismo do filho foi, de certa forma, um alívio.



“Pra mim foi um alívio quando saiu o diagnóstico porque ele já tinha feito vários exames e todos davam normais e ninguém entendia o porquê ele não falava e porque ele fazia algumas coisas. Apesar de algumas mães que tem o estágio do luto pra mim foi motivo de alegria”.

Desde o diagnóstico do filho ela buscou por vários tipos de tratamento para que ele pudesse ter uma infância feliz como a de qualquer outra criança. Foram várias sessões de terapia, consultas com fonoaudiólogo, psicólogo, acompanhamento psiquiátrico, neuropsiquiátrico, equoterapia e acompanhamento com uma psicopedagoga.

“Na equoterapia ele tem tido um aproveitamento muito grande no desenvolvimento da socialização dele, promovendo a independência dele cada vez mais. Antes ele gostava de ficar isolado e agora se dá bem com todos os colegas da escola e com as pessoas mais velhas graças ao trabalho de socialização”, afirma.

Marcio é uma criança que gosta de brincar com peças de lego, construir, desenhar, jogos eletrônicos, quebra-cabeça e xadrez. Ele entrou no projeto Bom de Bola, Bom de Escola por influência dos colegas da escola que incentivaram após verem que ele joga muito bem. A iniciativa foi do próprio garoto que chegou em casa com o formulário para que a mãe assinasse permitindo que ele participasse dos jogos.


Para Haelen ver o quanto o filho é bem tratado e acolhido pelos professores e pelos colegas do projeto é a certeza de que o menino está conseguindo caminhar cada vez melhor independente da sua condição como autista. “Eles tratam o Marcio super bem, de igual para igual e não fazem diferença dele. Dentro das limitações que ele tem ele é excepcional dentro da escola. Ele é uma criança muito educada, ele presta atenção, participa e realiza todas as atividades, às vezes um pouco mais devagar que os demais, mas consegue realizar tudo. A dificuldade maior que eu vejo hoje é que dentro da criação de uma criança autista é a falta de empatia e de respeito”, diz.


 
Bom de Bola, Bom de Escola

O Programa Bom, de Bola, Bom de Escola atende alunos matriculados nas unidades educacionais da rede municipal de Cuiabá, e foi criado há quase 20 anos, como uma ferramenta de cidadania, inclusão social e de formação através do esporte. Após ser retomado em 2017 pela gestão Emanuel Pinheiro, no ano passado atendeu aproximadamente 400 crianças.

Os alunos participantes do Bom de Bola, Bom de Escola recebem uniforme, merenda e acompanhamento profissional.

A doença

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma síndrome caracterizada por diferentes condições do desenvolvimento neurológico e pode ser diagnosticado desde os primeiros anos de vida, geralmente entre 2 e 3 anos de idade, de acordo com a interação social, comunicação e comportamento.

O autista apresenta algumas características especificas como dificuldade na fala, em expressar emoções, em manter contato visual, além de apresentar padrões de comportamento com movimentos repetitivo e estereotipados, como balançar o corpo por exemplo. Esses sinais variam de moderados a intensos, dependendo do grau do autismo.

Ainda não se sabe o que leva uma criança a desenvolver autismo, pesquisas relacionam a síndrome com fatores genéticos, que podem ser hereditários, mas também a fatores do ambiente, como infecção por vírus, alimentos ou substâncias intoxicantes como chumbo e mercúrio.

O diagnóstico é feito por médicos psiquiatras ou psicólogos através de exames e observando melhor a criança. Apesar do autismo não ter cura, o tratamento pode trazer diversos benefícios para a criança e para os pais.
 
 
 
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