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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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AGENDA ANTI-PETISMO

Ulysses comenta relação com colegas do PT e destaca perfil “brigão” na Assembleia

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Ulysses comenta relação com colegas do PT e destaca perfil “brigão” na Assembleia
Eleito sob a agenda da “nova política” que se instalou no país a partir das ultimas eleições, o deputado estadual Ulysses Moraes (DC) trocou o ambiente onde gravava os vídeos para seu canal no YouTube pela tribuna da Assembleia Legislativa. E de “personalidade anti-petista”, passou a colega de parlamentares do Partido dos Trabalhadores com quem, inclusive, compartilha pautas em comum.


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Em oito meses de mandato, o democrata cristão já coleciona uma série de embates polêmicos, travados com as principais lideranças do Legislativo – o que inclui a Presidência da Casa. Esta semana, em entrevista ao Olhar Direto, Ulysses contou como é estar “do outro do balcão”, falou das dificuldades em desempenhar a tão falada “nova política” num sistema que mantém práticas da “velha política” condenada por seu grupo, e garantiu que irá manter o perfil “brigão” enquanto estiver deputado.

“Comecei assim e vou terminar assim. O pessoal fala que eu brigo demais. Eu vou continuar, se for preciso, um brigão aqui dentro”, destacou o parlamentar, que ganhou projeção nacional por “impedir” que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse condecorado como cidadão mato-grossense.

Confira os principais trechos da entrevista:

OD – Como é ser o deputado da “nova política” num sistema que mantém as práticas da “velha política”?

UM -
Eu estava do lado de fora e estar aqui dentro é muito diferente. Mas o ponto principal e que me deixa mais satisfeito por estar do outro lado, é que agora eu posso efetivamente fazer a diferença. E não só no discurso. Aqui eu sinto que realmente consigo colocar o discurso na prática. Meu gabinete é o mais econômico da Assembleia, nós conseguimos economizar em sete meses de mandato mais de R$ 1 milhão, entre privilégios, entre benefícios, entre direitos que teríamos. Com relação a projetos e indicações, é aí que entra a parte política. Porque querendo ou não, aqui dentro é preciso ter relacionamento com os colegas para aprovar os projetos dentro da Casa. Nós já apresentamos a MP da liberdade econômica a nível estadual, estamos apresentando também o código de defesa do empreendedor, pra dar facilitação na abertura de empresas... E para aprovar isso, lógico, o Parlamento é plural, são vários parlamentares com ideias diferentes, que representam todo o Estado, então nós temos sim que sentar com todos e tentar convencê-los a estar conosco.

OD - E para além do gabinete, quais ações você pode destacar que conseguiu realizar?

UM -
Nós fazemos um trabalho de fiscalização. E dentro disso, por exemplo, nós denunciamos no inicio do ano um contrato de mais de R$ 1,5 milhão de alimentação que havia sido efetivado dentro da Assembleia e após a nossa denúncia em Plenário ele foi cancelado. A gente percebe que a Assembleia vem buscando mais transparência. Hoje eu não ocupo cargo de gestão, não faço parte da Mesa Diretora, não faço parte das contratações, mas o que chega pra gente, o que tomamos ciência, nós fazemos requerimentos e, inclusive, recentemente entramos com mandado de segurança com relação às nomeações no Tribunal de Contas, por exemplo.

OD - Como é lidar com parlamentares de esquerda, principalmente do PT – um partido que historicamente você faz uma oposição ferrenha?

UM -
Ideologicamente estamos cada um numa ponta. Mas, sempre vão existir pautas de convergência. Então, vai ter momento em que o PT vai considerar um projeto bom pra eles, como em casos de aumentos de benefícios que eles costumam ser a favor, e eu vou ser contra. Mas, às vezes, vão ter pautas em que serei favorável. É aí que eu acho que mora o diálogo. Eu sempre tento conversar com eles de maneira técnica aqui dentro. E tenho tentado cada vez mais manter um relacionamento mais ameno. Meu trabalho aqui dentro é ser parlamentar. Mas, lógico, sempre pontuando a minha ideologia, aquilo que eu acho certo, aquilo que eu acho justo, e não vou me curvar diante de nenhum colega.

OD - Você mencionou uma busca por um relacionamento mais ameno, isso tem relação com os embates que você protagonizou no inicio do mandato com a Janaina e o Botelho?

UM -
Não. Muito pelo contrário. Eu vou continuar batendo duro em alguns colegas e fazendo política de enfrentamento. O que acontece é que nós estamos convivendo mais, isso é natural. Mas dentro do que são os meus princípios, dentro daquilo que pauto por moral e correto, vou sempre defender com unhas e garras da maneira como iniciei o mandato. Comecei assim e vou terminar assim. O pessoal fala que eu brigo demais. Eu vou continuar, se for preciso, um brigão aqui dentro.

OD - É verdade que você sofreu ameaças de deputados, de que seus projetos não seriam aprovados?

UM -
Eu não posso dizer que essas ameaças foram de colegas deputados, mas é algo que falam o tempo todo. Não sei até onde são verdade esses recados. Até jornalista me questiona se não tenho esse receio. Mas não tenho medo de ninguém aqui. Se eventualmente vierem com ameaças, de fato, isso irá me fortalecer a ser ainda mais incisivo. Mas nenhum colega, até o momento, veio me falar esse tipo de coisa. 

OD – Como anda a sua relação com o MBL? Há algum fundo de verdade nos rumores de que você estaria tentando se desvincular do Movimento?

UM -
Eu sou parte do Movimento ainda, sou amigo dos meninos, muito próximo do Arthur (Mamae Falei). Eu não concordo com tudo. Mas a gente discorda até da nossa mulher, não é?! Discordar de uma posição é natural, é inerente da democracia. E quando eu não concordo deixo isso muito claro. Mas nunca tive uma conversa no sentido de sair do MBL. E eles também são muito conscientes, tiveram agora uma mudança no perfil, estão mais instrutórios, menos incisivos.

OD - O fato de muitos membros terem se tornado políticos contribuiu para essa mudança de perfil?

UM -
Pode ser que sim. Uma coisa é ver de fora e apontar o dedo, agora estamos aqui dentro. Agora a gente tem noção do que é a maquina, de como ela anda, enfim. Até para mostrar para a população como é que funciona.

OD – As suas impressões sobre o sistema político? Mudou algo?

UM -
Olha, antes de ser parlamentar eu achava que o sistema era burocrático. Agora eu tenho certeza absoluta que é muito mais do que eu pensava. Para aprovar um projeto aqui são 500 mil regras, a maquina engessada...

OD - E você, pessoalmente, mudou algo desde sua eleição?

UM -
Mudou que agora estou muito mais cansado. Trabalho muito mais do que antes. Pessoal acha que político não trabalha, ne?! E talvez essa fosse uma concepção anterior minha também. Mas político quando quer trabalha muito. Eu costumo dizer que não sou político, eu estou político. Eu sou advogado, quero dar aulas, to procurando um espaço na agenda pra isso. Então o que mudou foi isso, essa concepção.  
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