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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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FEDERAÇÃO INDÍGENA

Falas de Bolsonaro em 2019 não surpreendem população indígena, avalia presidente da Fepoimt

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Falas de Bolsonaro em 2019 não surpreendem população indígena, avalia presidente da Fepoimt
“O senhor Jair Bolsonaro sempre avisou”. As falas do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao longo de 2019 não surpreenderam a população indígena, avalia o presidente da Federação dos Povos Indígenas em Mato Grosso (Fepoimt), Crisanto Rudzö Tseremey’wá. De acordo com Rudzö, a população já estava preparada.


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“Todos nós sabemos que esse governo atual fez campanha e pré-campanha em cima da mineração nas terras indígenas, Amazônia e ampliação do agronegócio. Sempre fez. Uma coisa positiva que acho dele é que ele sempre foi direto. Todos nós sabemos. Nenhum milímetro de demarcação de terra aos povos indígenas”, fala.

Ao longo do ano, o presidente da República disparou diversas falas que vão contra as populações indígenas. Uma das mais recentes falas do presidente defende a criação de gado em terras indígenas para reduzir o valor da carne no país, de acordo com a Folha de S. Paulo.

Em novembro, o presidente chegou a ser denunciado ao Tribunal Penal Internacional por “incitação ao genocídio de povos indígenas no Brasil”. A denúncia partiu do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu) e a Comissão Arns, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com dados preliminares do Conselho Indígena Missionário (Cimi), durante os primeiros nove meses de 2019 foram 160 casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio”. Somente com nove meses durante o Governo Bolsonaro, houve 51 casos adicionais se comparado aos 12 meses de 2018, quando foram registrados 109 casos. Os dados representam um aumento desde 2017, quando foram 96 casos.

O presidente relata ao Olhar Direto que no último ano a Federação avaliou que há pelo menos 15 terras que precisam ser devidamente marcadas. Há povos que estão irregulares na beira de estrada e fazendas. “O usufruto [das terras] é nosso. Elas são demarcadas, homologadas e registradas como terra da União, mas é de usufruto dos indígenas. Mesmo assim, as nossas lideranças morrem por elas”, pontua. 

“Não sendo obrigado, não tem mais reserva indígena no Brasil”, afirmou Bolsonaro ao Globo News em agosto. Na época, o presidente ainda afirmou que o Governo iria rever as terras que já estão demarcadas para evitar “fraudes do passado”. Para ele, se todos os pedidos de demarcação fossem atendidos, seria “muita terra para os índios”.

Posteriormente, em discurso na Assembléia Geral das Organizações das Nações Unidas, em setembro, ele reformou que não irá aumentar o número de terras distribuídas no Brasil.

“Quando nos é garantido o usufruto, nós guardamos todo o seu bioma existente para que a nossa futura geração, não somente indígena, mas desse país. Tentamos manter fauna, flora, o verde que é cantado todos os dias pelo Exército Brasileiro e Forças Armadas, mas infelizmente o nosso governo só canta. Essa cantoria é vazia, sem alma”, pontua Crisanto Rudzö sobre as terras indígenas.

Apesar das falas de Bolsonaro sobre os povos indígenas não surpreenderem e chegarem ao ponto de “incitar ao genocídio”, Rudzö pontua que esta não é a primeira vez que algum governo desprioriza os indígenas. “Esse governo não é o único. Já foram muitos governos que forçaram a integração dos povos indígenas com a sociedade nacional. Os nossos antepassados sempre resistiram e não é agora que vamos deixar de resistir. Governo é passageiro”

Saúde indígena

O descaso com a população indígena também se dá em relação a saúde. Crisanto defende que sejam instalados unidades básicas de saúde (UBS) em cada aldeia para assegurar um melhor atendimento aos povos. O último relatório do Cimi, publicado em setembro, aponta que 60 crianças foram vítimas de mortalidade na infância e um indígena foi morto por desassistência médica.

“Deveria ter aparelhado unidade básica de saúde (UBS) nas aldeias, colocando as equipes fixas, não multidisciplinar. Aliás, sem a equipe multidisciplinar, mas [somente] fixo. Hoje ela funciona como uma equipe itinerante, temporária. Isso contribui para ter esses dados graves e alarmantes”, explica o presidente da Federação.

O relatório do Cimi é publicado anualmente e o deste ano é referente a 2018. Em Mato Grosso, o Cimi apontou cinco casos de desassistência médica. O estado, junto do Acre, ocupa o segundo lugar com o maior número de desamparo. Maranhão e Pará lideram o ranking, com seis casos cada, enquanto Paraná, Rondônia e Alagoas fecham o “pódio” com três casos cada. No total, o Brasil soma 44 descasos.
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