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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Por falta de efetivo e com chacina, IML tem 'superlotação' de corpos em Cuiabá

Foto: Rogério Florentino Pereira/ OD

Por falta de efetivo e com chacina, IML tem 'superlotação' de corpos em Cuiabá
O plantão com técnicos de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá está sofrendo com a carência de profissionais, o que dificulta a agilidade nos serviços de liberação de corpos. Atualmente, o IML possui duas viaturas funerárias, conhecidas como ‘Rabecões’, mas apenas uma equipe está apta para o trabalho, a cada 24h.


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O plantão para cada servidor é de 24h de trabalho e 96 por descanso. Porém, a reclamação é que o IML não possui motorista e é o próprio técnico que precisa dirigir os veículos até o local da ocorrência.

A abrangência territorial vai além de Cuiabá. Por exemplo, na quarta-feira (19), quando houve a chacina com cinco mortes no município de Nobres (distante 132km de Cuiabá), dois técnicos saíram da capital rumo ao local do crime e, enquanto isso, o prédio ficou sem profissionais para uma possível segunda ocorrência.

“Se acaso houvesse outro crime ou necessidade de ir a outra ocorrência, a polícia teria que esperar os profissionais voltar de Nobres para ir buscar o outro corpo. Quando dois saem, fica outra Rabecão, mas sem profissional para liberar ou buscar corpos. Aqui na unidade só fica o segurança e a moça da limpeza”, disse uma fonte do IML, que preferiu não se identificar.

Os profissionais que trabalham no IML de Cuiabá atendem de Nova Brasilândia (distante 225km de Cuiabá) até o quilômetro 120 da rodovia que liga Cuiabá a Cáceres. “Aqui o essencial seria ter pelo menos 4 profissionais por plantão. Por isso, seria necessário que os técnicos que passaram no último concurso fossem chamados para compor o elenco do IML”, disse a fonte.

Um leitor do site Olhar Direto explanou que existem mais de 147 cargos vagos para papiloscopistas e 24 para técnico em necropsia para todo estado de Mato Grosso, mas as nomeações não ocorrem.

“É um descaso tanto com a população e também para os candidatos que tanto se esforçaram para obter êxito no concurso, passando por prova escrita, títulos, psicotécnico e investigação social, gastando tempo e dinheiro para ingressar nas referidas carreiras e agora estão no aguardo desde 2017 e nada acontece. Um descaso total com a Politec e com o povo”, frisou o leitor.

Atualmente o quadro de funcionários para o IML de Cuiabá conta com 18 profissionais, porém seis estão de licença, dois estão em processo de aposentadoria, cinco trabalham na coordenadoria e os outros cinco se revezam nos plantões diários. Quando a situação fica extrema, ultrapassando de 5 corpos por plantão, uma chamada extraordinária é aberta e técnicos de necropsia que estão de folga são chamados e uma espécie de mutirão é feito para dar celeridade nos trabalhos.

Na quinta-feira (20), 11 corpos estavam aguardando para fazer necropsia. Como existem duas mesas para o trabalho de abertura, verificação e fechamento de corpo, urnas funerárias foram improvisadas para que não fosse necessário um “amontoado” de corpo.

“Começamos 07h30, devido os corpos da chacina, e paramos 01h da manhã com a entrega do último corpo. Foi feita uma chamada extra, e contamos com a solidariedade dos companheiros. Vale lembrar que ninguém recebe a mais para isso”, comentou a fonte.

Ontem foram 9 vítimas do interior, 1 por suspeita de overdose e uma de acidente de trânsito. “Temos que solidarizar com os familiares das vítimas. Não podemos deixar o povo mais fragilizado do que já estão naquela hora”.

Corpos na geladeira

Outra reclamação que chegou à redação do Olhar Direto foi sobre os corpos que estavam aguardando um estudo mais avançado para poder sair “da geladeira” e assim ser liberado para enterro. Segundo a denúncia, há famílias com mais de 30 dias de espera. Porém, nesse caso a explicação é mais técnica do que política.

“Todos os corpos que estão na geladeira são de vítimas em estado avançado de decomposição e esqueletização. Eles precisam do  diagnóstico do Laboratório de Histopatologia e Antropologia. Por serem vítimas de todo estado e ter apenas dois profissionais para esse tipo de trabalho, é demandado tempo para que não haja falhas e um diagnóstico seja mal feito. Atualmente, 12 corpos aguardam esse tipo de laudo e continuam no IML de Cuiabá”, frisou Valter Ferrari Castro, diretor de Perícia em mortos do IML de Cuiabá.

Atualmente, conforme diversas entrevistas do governador Mauro Mendes e do secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante dos Santos, não há previsão para chamamento de aprovados no concurso público da Politec.

Nota da Politec sobre a demora na liberação dos corpos

Em atenção à ampla repercussão das cinco mortes ocorridas em Nobres na noite de quarta-feira (19), a Diretoria Metropolitana de Medicina Legal/POLITEC se manifesta informando que em consequência do aumento súbito na quantidade de necropsias causada principalmente por essa ocorrência, houve demora atípica na liberação dos cadáveres para os familiares. No entanto, até a manhã desta sexta-feira todos os corpos já haviam sido liberados.

Explica também que todos os exames periciais serão realizados com a costumeira qualidade, elucidando os mecanismos de morte, colhendo as evidências presentes nos corpos e oferecendo apropriados laudos periciais que subsidiarão as investigações e futuros processos judiciais.

 
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