O Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá começa a quarta-feira (2) sem nenhum dos quatro médicos cirurgiões que deveriam ser os plantonistas durante o dia. Os conflitos gerados entre a classe e o secretário de Saúde de Cuiabá, Luiz Soares, nos últimos dias, culminaram com um pedido de demissão em massa de profissionais da saúde. Grave, a situação chega ao ponto de deixar a maior unidade de saúde da região sem capacidade para atender situações graves.
Dos quatro cirurgiões plantonistas de hoje, dois são concursados e dois contratados. Os contratados, tendo o pedido de exoneração acatado ontem pelo prefeito Wilson Santos (PSDB), não precisam cumprir aviso prévio, portanto, não têm mais necessidade de trabalhar hoje.
Dos concursados, um já havia pedido afastamento anteriormente e, o outro, Osvânio Salomão Pimenta, o único cirurgião que restou no Pronto Socorro, foi até a delegacia Metropolitana prestar queixa, por não ter condições de sozinho atender toda a demanda de pacientes que chegam ao setor cirúrgico do hospital todos os dias. A decisão do médico em prestar queixa é de cunho pessoal e não contou com qualquer orientação do sindicato da categoria.
Eliana Siqueira de Carvalho, representante dos médicos no Comitê Municipal de Saúde, diz que "não se pode exercer a profissão sem condições, a regra é que seja registrado um Boletim de Ocorrência, o que está previsto por lei".
Duas ambulâncias do Samu já chegaram até o Pronto Socorro hoje, mas tiveram que seguir para hospital em Várzea Grande. No entanto, a direção do Samu decidiu que não vai mais encaminhar os pacientes para a cidade vizinha, já que o serviço é de cunho municipal.
A categoria dos médicos, diferente do que anunciou o prefeito Wilson Santos, em nota, afirma que está em paralisação. Portanto, somente 30% da classe estará em plantão hoje para atender as emergências.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Luis Carlos Alvarenga, questiona a atitude de Luiz Soares frente ao problema. "Se existem esses 800 médicos que o secretário fala, por que ele não os realocou e os encaminhou para o Pronto Socorro?".
Arlan Azevedo Ferreira, presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso, foi, há poucos instantes, até o Pronto Socorro para conferir a situação. Ele pediu enfaticamente para que os cirurgiões presentes fizessem um trabalho voluntário hoje, para evitar mortes. No entanto, entre os presentes, todos alegaram que tinham expediente a cumprir em outros hospitais.
Neste momento, o secretário Luiz Soares e a direção do Pronto Socorro encontram-se em reunião para tentar resolver o problema. A Secretaria deverá divulgar nota no final da manhã.
O médico cirurgião Osvânio Salomão Pimenta, após o apelo do presidente do CRM-MT, resolveu que irá atender pacientes no Pronto Socorro, unicamente por solidariedade. Ele diz, no entanto, que não há condições de montar equipes para cirurgias, devido à defasagem de profissionais, mas que poderá atender outros casos.
Atualizada às 09h33 / 09h57
