Por meio de uma carta manifesto, seis entidades nacionais que representam a indústria e os serviços de mobilidade, transporte urbano de passageiros e engenharia criticaram o Governo de Mato Grosso pela troca do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo Bus Rapid Transport (BRT) em Cuiabá e Várzea Grande.
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O documento foi assinado pelo Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviário (Simefre), Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), Associação Latino-Americana de Ferrovias (Alaf) e Instituto de Engenharia.
As entidades classificaram a decisão como “simples e equivocada”. Afirmam que não há elementos técnicos suficientes que justifiquem a alteração do modal e que, no melhor interesse público e benefício da sociedade, no menor prazo possível, as obras do VLT deveriam ser concluídas.
“Este Manifesto pretende trazer à luz aspectos técnicos não abordados e provocar um debate mais democrático, aberto e esclarecedor, com audiências públicas que permitam a discussão, posicionamento e demonstração da melhor solução, a bem da verdade e do interesse da população”, diz trecho da carta.
A Carta divulgada acompanha um estudo técnico elaborado pelas entidades, que rebatem o laudo em que o governador Mauro Mendes (DEM) se baseou para escolher o BRT. Entre os pontos elencados estão o melhor interesse público, menor custo para conclusão das obras e operacional (pelo menor número de condutores, pois carrega mais passageiros por trem), e o fato de o estado já ter adquirido o material rodante, que já está em Várzea Grande, para entrar em operação.
“Além do acima exposto, o projeto do VLT Cuiabá-Várzea Grande está muito avançado enquanto o do BRT está em fase ainda preliminar, sem estudos definitivos, projetos básicos, executivos, licenças ambientais (...) o que torna impossível avaliar a alternativa BRT corretamente e, menos ainda, compará-la com o VLT”, afirmam.
No documento, as entidades nacionais também lembram que desde outubro de 2020 solicitaram, “por inúmeras vezes”, uma audiência com o governador para abordar todos os aspectos que envolvem o VLT e tentar dissuadi-lo em tomar medidas para a troca do modal.
“Em respeito à engenharia, aos estudos nacionais e internacionais, aos projetos de sucesso já implantados, aos procedimentos administrativos e legais, às portarias interministeriais que norteiam o setor, aos recursos públicos já investidos, aos contratos de financiamento público em curso, propomos um amplo debate público para que a verdade venha à tona e com ela fique definitivamente claro que a decisão correta para o caso em tela é terminar a obra do projeto VLT Cuiabá-Várzea Grande”, completa.
Leia
aqui o estudo técnico elaborado pelas entidades.
Reunião
O governo, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Logística, convocou técnicos das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, para apresenta o plano funcional da rede integrada do transporte coletivo para a implantação do BRT, movido a eletricidade. O encontro marcado para às 15h de sexta-feira (22).
Enquanto isso, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) judicializou o caso em ações no Tribunal de Justiça (TJMT) e Superior Tribunal de Justiça (STJ).