A presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune-MT) acredita que, ao escolher uma mulher negra para ser a primeira vacinada contra o novo coronavírus, o governo de Estado mostra o quão importante é visibilizar essa população. Na última semana, veículos de comunicação foram criticados sobre reforçar a cor da pele das primeiras vacinadas no Brasil e em Mato Grosso.
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“Somos a população mais vulnerável. Quando o Governo faz isso, ele mostra para a sociedade o quanto é importante a gente visibilizar as pessoas que a vida inteira foram invisibilizadas. (...) A justificativa de uma mulher negra ter sido escolhida atende a todos os requisitos. O primeiro é humanitário, o segundo é de respeito às diferenças e o terceiro é o requisito de gênero. Nós mulheres sempre estivemos à frente”, pontua ao
Olhar Direto.
Na última semana, o fato dos veículos de comunicação estamparem nas manchetes a cor da pele da primeira vacinada em Mato Grosso gerou debate nas redes sociais. Algumas pessoas questionaram a necessidade de se reforçar que elas são negras, enquanto a presidente do Imune esclareceu que realmente é necessário reforçar a cor de pele.
“Tem que dizer que é negra sim. Nos temos um país majoritariamente de negros, onde as mulheres negras são as maiores vítimas da discriminação, do feminicídio, das violências diversas. São as que estão à frente. A maioria está à frente nessa luta. Temos um grande número de mulheres negras que trabalham na enfermagem”, explicou.
Mulher negra, Luiza Silva, foi a primeira vacinada em Mato Grosso. Ela é técnica de enfermagem há cerca de cinco anos, tem dois filhos e atua na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Ela é moradora do bairro CPA, em Cuiabá.
A técnica de enfermagem faz parte da população que tem sido mais atingida pelo novo coronavírus. Dados do Painel de Covid-19, da Secretaria de Estado de Saúde Mato Grosso (SES-MT), apontam que 54,56% dos infectados entre o início da pandemia, em abril, até o final de dezembro, são autodeclarados negros ou pardos. A porcentagem de brancos é 25,5%, enquanto a população amarela é de 2,43% e os indígenas compõem 1,33%. Cerca de 10% não responderam.
No município de Cuiabá, a situação é mais preocupante quanto ao número de óbitos de pessoas negras ou pardas. Segundo o Informe Epidemiológico, divulgado na última quarta-feira (20), 77,9% fazem parte dessa população, enquanto 20,9% são pessoas brancas.