Apesar de nunca ter disputado um cargo eletivo, a ex-primeira-dama de Várzea Grande, Amália Curvo de Campos, falecida nesta quarta-feira (10) em decorrência da Covid-19, deixa uma marca em Mato Grosso pela sua atuação na área social e político. Em seus 96 anos de vida, foi primordial na vida pública do marido Júlio Domingos de Campos, o seu “Fiote”, do irmão Sílvio Curvo e dos filhos Júlio e Jayme Campos.
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“Ela sempre foi uma guerreira. Se nós, meu pai e os tios participaram ativamente da política, foi muito pelo incentivo e coragem dela”, disse Júlio, que conversou com o Olhar Direto por telefone.
Dona Amália, como era conhecida, foi a primeira enfermeira formada a montar um posto de saúde em Várzea Grande, em 1943, quando o município ainda era distrito de Cuiabá. Júlio conta que ela também chegou a organizar quermesses, leilões e festas para arrecadar fundos e construir o primeiro posto de puericultura (área da saúde que se dedica ao cuidado das crianças).
“Ela conseguiu uma emenda com o então deputado federal Ponce de Arruda, em 1951 para construir, quando meu pai foi prefeito pela primeira vez, o primeiro posto moderno e levou um médico para trabalhar em Várzea Grande, o dutor Manoel Vargas. Uma pessoa muito respeitada, não só por aplicar injeção em todo mundo, fazia curativos, num tempo que a saúde pública tinha muitas dificuldades”, contou Júlio.
Em 1949, Amália incentivou o marido a entrar para política. Na época, Seo Fiote foi o vereador mais votado do município e acabou virando prefeito em 1951. De acordo com Júlio, como primeira-dama atuava muito no social, levando apoio aos distritos Bom Sucesso, Praia Grande, Souza Lima. “Também fundou a Sociedade de Proteção a Maternidade e Infância em Várzea Grande, para ter partos mais dignos e as crianças assistência”.
Dona Amália também teve atuação na política partidária, organizando ala feminina no antigo PSD e outras siglas, como Arena, PDS e PFL. Nesse campo, tentava fomentar a participação feminina em uma área que até hoje é predominantemente masculina.
“Teve o privilegio de ser a única mulher de Mato Grosso a ter dois filhos governadores, prefeitos e senadores. Sempre foi uma líder não só dos filhos e netos, mas dos irmãos da família Curvo, mais simples, de Livramento”, contou, Júlio.
