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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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EXAME DE IMAGEM

Tomografia computadorizada auxilia no diagnóstico de covid-19 e avaliação de complicações, explica médico

Foto: Reprodução/Divulgação

Tomografia computadorizada auxilia no diagnóstico de covid-19 e avaliação de complicações, explica médico
A tomografia computadorizada (TC) do tórax auxilia no diagnóstico de covid-19, como também pode ser usada para a avaliação de complicações, explica o médico radiologista Raul Bernardo Paniagua Eljach, responsável técnico da clínica Centro de Imagens do Centro Oeste (CEICO), em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Ao Olhar Direto, o médico tirou algumas dúvidas sobre o uso da TC durante a pandemia do novo coronavírus.


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Qual é o papel da tomografia computadorizada de tórax na Covid-19?

A TC de tórax é um exame de imagem que auxilia no raciocínio clínico, podendo contribuir na definição do diagnóstico, avaliar extensão e progressão da doença, como também sugerir um diagnóstico alternativo, como pneumonia bacteriana ou tuberculose.   

Além das suas aplicações para diagnóstico e acompanhamento, a TC também pode ser usada para avaliação de complicações, como tromboembolismo pulmonar, infecção bacteriana sobreposta, síndrome da angústia respiratória aguda, miocardite e edema agudo de pulmão. A TC não deve ser utilizada como rastreio ou em pacientes assintomáticos, cabendo ao médico assistente avaliar a sua necessidade. 

É necessário algum preparo para realizar a tomografia computadorizada de tórax em casos de suspeita de Covid-19?

O exame de TC de tórax geralmente é realizado sem o uso de contraste intravenoso e não requer preparo, exceto quando há suspeita de complicações como tromboembolismo pulmonar, caso em que é necessário a realização de angiotomografia com uso de contraste iodado.

A tomografia normal exclui a possibilidade de ter Covid-19?

Não. A estimativa é que 10,6% dos pacientes sintomáticos com Covid-19 apresentem tomografias normais, principalmente nos primeiros quatro ou cinco dias após o início dos sintomas. Nos casos de pacientes assintomáticos, a incidência é ainda maior, em torno de 46% a tomografia é normal.

Baixas cargas virais e confinamento do vírus no trato respiratório superior são explicações plausíveis para os exames falso-negativos. Além disso, provavelmente existem fatores hospedeiros que levam a achados de TC de tórax falso-negativos. Muitos pacientes simplesmente não desenvolvem resposta inflamatória pulmonar necessária para produzir os achados de lesão pulmonar na TC de tórax. Resumindo, a TC de tórax normal não exclui Covid-19.

A tomografia alterada confirma a presença de Covid-19?

Também não, o diagnóstico definitivo de Covid-19 deve ser baseado em dados clínicos e epidemiológicos, juntamente com os resultados de RT-PCR, exames sorológicos ou ambos. Isso porque podem haver falsos-positivos devido à sobreposição das imagens com outras doenças, incluindo outras pneumonias virais, como a causada pelo vírus influenza /H1N1.

A precisão do diagnóstico da TC de tórax depende de uma variedade de fatores, incluindo a experiência do radiologista e médico assistente, população de estudo, prevalência de Covid-19, estágio da doença e doença pulmonar coexistente.

É importante perceber que a TC isolada não é o padrão para o diagnóstico de Covid-19, mas seus achados ajudam a sugerir o diagnóstico no contexto apropriado. É crucial correlacionar os achados da TC de tórax com a história epidemiológica, apresentação clínica e resultados do teste de RT-PCR.

Quais são os achados na tomografia computadorizada?

Os achados dependem da fase da doença e da sua gravidade, o padrão típico são as opacidades em vidro fosco multifocais acometendo ambos os pulmões, com predomínio nos lobos inferiores e regiões posteriores, que aparecem mais comumente a partir do 4° dia de sintomas. Na fase progressiva e de pico as opacidades em vidro fosco ficam mais densas, formando consolidações. 

A absorção das opacidades tende a ocorrer de forma gradual após o 14° dia de evolução. Há poucos estudos referente a sequelas pulmonares de Covid-19, por ser uma doença nova, mas o que temos visto na prática são casos leves regredirem completamente e casos moderados/graves persistirem com alterações pulmonares por mais tempo. Muitas perguntas ainda estão sem resposta, o que requer tempo e novos estudos que estão em desenvolvimento.

Como é feita a quantificação do acometimento pulmonar?

No momento, grande parte dessa avaliação é feita de forma visual, subjetiva, e com grande variabilidade intra-observador e interobservador. Alguns locais têm quantificado o comprometimento parenquimatoso em extensão leve (< 25% de parênquima pulmonar acometido), moderada (entre 25-50% de parênquima acometido) e acentuada (> 50% de parênquima acometido).  Porém essa quantificação tem pouco respaldo na literatura e às vezes há dissociação clínica-radiológica, ou seja, pacientes com pouco comprometimento tomográfico apresentam sintomas moderados/graves e outros com comprometimento mais extenso podem apresentar sintomas leves. Por isso é primordial que o resultado do exame seja avaliado pelo médico assistente, que levará em conta outros dados, como a clínica, idade e comorbidades para tomar a melhor conduta.

Novas ferramentas têm sido desenvolvidas para análise quantitativa do comprometimento das alterações pulmonares, em conjunto com ferramentas de inteligência artificial (IA), e deverão estar disponíveis para uso clínico em um futuro breve.

Existe algum risco em realizar tomografia computadorizada?

Existe a exposição à radiação ionizante, que é acumulativa ao longo da vida e pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer, por isso deve ser realizada apenas quando necessária e indicada pelo médico, embora os novos equipamentos e protocolos utilizem cada vez menos doses de radiação. 

E nos casos de gestantes?

Nesses casos deve-se avaliar o risco-benefício com o médico solicitante e se indicada a TC de tórax, é recomendado utilizar um avental plumbífero no abdome, que é um colete com placa de chumbo que evita/reduz a passagem de radiação para o bebê.
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