Um homem que tem atuado como médico em Mato Grosso, identificado como C.N.A., foi denunciado por uma família que descobriu que ele teve seu registro cassado nos Estados de São Paulo e Bahia, pois o diploma dele seria falso. Ele ainda possui registro ativo no Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso e há uma decisão judicial impedindo o cancelamento da inscrição dele. Ele foi o responsável pelo tratamento de um dos membros da família denunciante, cujo quadro de saúde acabou se agravando bastante.
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A denúncia foi feita pela sobrinha do paciente. Ela relatou que no dia 31 de março seu tio testou positivo para Covid-19 e com a piora em seu estado de saúde a família contratou, no dia 5 de abril, o médico C.N.A., após indicação de um parente que também foi atendido pelo suposto médico.
C.N.A. foi até a residência do paciente e indicou o tratamento em domicílio, alegando que os hospitais não estavam realizando o protocolo que ele iria realizar e dizendo que nas unidades de saúde estavam intubando pacientes sem anpalise de critérios. Ele ainda indicou um enfermeiro para aplicação das injeções que prescreveu e também um fisioterapeuta pulmonar.
A tia da denunciante também acabou testando positivo para Covid-19 e o médico ofereceu um "pacote de tratamento" para os dois, em casa. As tomografias feitas nos dois apontaram que mais de 50% de seus pulmões estavam comprometidos e, com a piora do quadro, o tio foi colocado em uma espécie de home care improvisado, para receber oxigênio. A família teve que alugar equipamentos oferecidos pelo fisioterapeuta indicado pelo suposto médico.
Segundo a denunciante, o próprio médico teria vendido os medicamentos que ele mesmo receitou. Na primeira vez a família comprou na farmácia, pelo valor de R$ 500, mas depois o médico ofereceu o medicamento por R$ 300. A tia acabou também sendo colocada no oxigênio por apresentar saturação em queda.
Como os casos não apresentavam melhora a família questionou se não era caso de internação, mas o suposto médico afirmou que o que ocorria era normal, que seriam três dias mais críticos, porém, se optassem por internação deveriam procurar a UPA do Pascoal Ramos, pois lá ele tem acesso e poderia continuar o acompanhamento.
A denunciante então disse que começoua desconfiar, após as falas do suposto médico e a venda de medicamentos por ele, e pesquisou o registro do CRM dele. Ela viu que no CRM-MT o registro está ativo e regular, mas nos Estados da Bahia e São Paulo as inscrições foram anuladas. Ela acabou descobrindo que as incrições foram canceladas pois o diploma de C.N.A. seria falsificado.
Ela então fez a denúncia no CRM-MT e a resposta que recebeu é que ha uma decisão judicial que autoriza ele exercer medicina em Mato Grosso. O processo está em fase de análise recursal.
Na decisão o juiz relata que C.N.A. concluiu o curso de medicina na Bolívia, mas se submeteu ao processo de Revalidação de Diploma, que foi revalidado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). No entanto, a UFRN enviou ofício à universidade boliviana, questionando a autenticidade do diploma, mas foram informados que o diploma do médico seria falsificado.
A UFRN então oficiou o Conselho Federal de Medicina (CFM) e depois disso o CRM-MT iniciouo o processo para cassação da inscrição de C.N.A. Porém, a universidade boliviana depois encaminhou um novo ofício alegando erro, dizendo que na época em que C.N.A. se graduou o sistema não era informatizado, mas depois, em busca nos arquivos físicos, encontraram o registro. A Justiça então deferiu a liminar e determinou que o CRM-MT restabelecesse a inscrição.
A denunciante disse que após descobrir tudo isso a família procurou outro médico, pois o quadro de saúde de seus tios havia piorado. Eles acabaram descobrindo que os dois estavam recebendo tratamento para pneumonia bacteriana. O caso ainda não foi concluído e, caso fique comprovado que o diploma é falsificado, a Polícia Federal é que irá investigar e indiciar o médico.