O ex-ministro da educação Fernando Haddad (PT) criticou o projeto de lei nº 284/2021 do deputado estadual Gilberto Cattani (PSL) que propõe a ‘Escola Sem Partido’ em Mato Grosso. Haddad afirmou que os parlamentares não podem se intrometer no projeto pedagógico da escola e disparou: “Escola Sem Partido é a Escola sem o deputado enchendo a paciência”.
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Haddad foi entrevistado na Rádio Capital Notícia na manhã desta quarta-feira (19). A pergunta sobre o projeto de Cattani veio de um ouvinte. Na proposta, Cattani copia projeto já debatido na Câmara dos Deputados que prevê até autorização para os alunos gravarem os professores durante as aulas. No texto, há a defesa da neutralidade política, ideológica e religiosa do estado. Estabelece também que o Poder Público não se intervir no processo de amadurecimento sexual dos alunos, “nem permitirá qualquer forma de dogmatismo ou proselitismo na abordagem das questões de gênero”.
O petista argumentou que a escola é o ambiente da ciência e não pode ser transformado em local de disputa ideológica. Por este motivo, ela deve ser pública, laica e não pode tomar partido político. No entanto, Haddad criticou a interferência de parlamentares no que é ensinado dentro do ambiente escolar.
“A escola é uma construção, e os professores conhecem o caminho. Tem diretor, tem secretário de educação, tem o magistério, tem o sindicato, tem a associação de pais e alunos, não precisa de um deputado se meter nessa história. Não é um deputado que tem que dizer o que a escola pode ou não ensinar. A escola é um espaço comunitário. A partir do momento em que um deputado quer se meter nisso, ele é que está partidarizando o tema”, argumentou Haddad.
“Então a Escola Sem Partido é a Escola sem o deputado enchendo a paciência, se o deputado quer ajudar, bem, mas não vem atrapalhar. Esse deputado está querendo atrapalhar a escola, está querendo se meter na escola. Ele tem que se meter na Assembleia. Vai lá aprovar projeto de lei que interessa, não encher a paciência do professor, da família, do estudante. Se você tem alguma reclamação, você pode ter, faça essa reclamação para o diretor da escola, faça para a Secretaria Estadual de Educação. Esse é o papel de um cidadão que quer ajudar. Você está vendo que está acontecendo alguma coisa errada, que a professora, ou o aluno, está fazendo algo que está prejudicando a escola, vai lá e protocola um ofício. Agora, querer se meter na vida da escola com lei desse tipo... é ele que vai definir agora o projeto pedagógico da escola? Quem ele pensa que ele é? Não é assim, gente. A política não pode se meter com a escola dessa maneira”, finalizou.
